O Ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, nomeou Mansueto Almeida para a Secretaria do Tesouro Nacional, dando a um dos melhores comunicadores da política econômica a difícil tarefa de dizer ‘não’ a governadores e prefeitos para salvaguardar o caixa da União.
Mansueto assume o Tesouro num momento em que a União se encontra no limite de quebrar a chamada regra de ouro, que veda a emissão de dívida para financiar gastos correntes. Para fechar as contas de 2018, o Governo está usando R$ 130 bilhões de devolução de recursos do BNDES. Para o ano que vem, o Ministério do Planejamento precisará encontrar outros R$ 254 bilhões apenas para se manter dentro da regra quando enviar o Orçamento de 2019 ao Congresso.
Atual secretário de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loteria (Sefel) do Ministério da Fazenda, Mansueto será substituído no cargo pelo economista Alexandre Manoel Angelo da Silva, hoje subsecretário de Governança Fiscal e Regulação de Loteria.
O novo secretário conhece Mansueto há cerca de 17 anos, quando Alexandre trabalhou como consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no IPEA e Mansueto estava voltando do doutorado.
No último ano e meio, trabalharam juntos na restruturação do FIES e na modelagem da concessão da Lotex, cujo leilão está marcado para 14 de junho.
Também fizeram o primeiro mapeamento dos subsídios da União — tanto pelo lado da receita quanto da despesa. O estudo, que cobre o estoque de subsídios dado entre 2003 e 2016, será atualizado este ano e passará a ser uma publicação anual do Ministério da Fazenda.
O novo secretário foi aluno do economista Marcos Lisboa em duas disciplinas quando fazia mestrado na FGV do Rio. Lisboa estava pronto para ser seu orientador de doutorado quando foi recrutado por Antonio Palocci para assumir a Secretaria de Política Econômica. Convidou Alexandre para o Ministério, e trabalharam juntos entre janeiro de 2003 e meados de 2004, quando Alexandre passou no concurso do IPEA. Ali, passou a integrar a equipe de Mansueto, que na época era responsável pela avaliação dos fundos constitucionais.
Alexandre é formado em economia pela Universidade Federal de Alagoas e, além do mestrado pela EPGE/FGV, é doutor pela Universidade de Brasília.
Guardia também nomeou seu atual chefe de gabinete, Ariosto Culau, para a secretaria-executiva adjunta, que se reporta à secretária-executiva Ana Paula Vescovi.
Ariosto é formado em Economia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), no Rio Grande do Sul, com especialização em Políticas Públicas e Governo (UFRJ) e mestrado em Gestão Governamental (EBAPE/FGV). É Analista de Planejamento e Orçamento, e já ocupou diversos cargos no Ministério do Planejamento.
Também foi superintendente do Tesouro do Estado de Goiás e Secretário de Planejamento e Gestão do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Já no Ministério da Fazenda, foi Coordenador-Geral do Gabinete do Ministro, Subsecretário para Assuntos Econômicos da Secretaria Executiva e Chefe de Gabinete.
As trocas e as novas faces da Fazenda mostram que, apesar de todos os seus enormes defeitos, o Estado brasileiro conta com uma tecnocracia de alta qualidade, com background acadêmico sólido e cada vez mais experiência. No cenário atual, é algo a ser celebrado.