Joe Biden nomeou hoje o ex-Secretário de Estado John Kerry como o ‘enviado especial da presidência’ para liderar os esforços dos EUA no combate à mudança climática.
Kerry terá um assento no Conselho de Segurança Nacional, na primeira vez na história em que uma autoridade dedicada ao tema da sustentabilidade é incluída naquele órgão — um sinal da seriedade com que o assunto será tratado na nova administração.
“A América terá em breve um governo que trata a crise climática como um assunto urgente de segurança nacional,” Kerry escreveu em seu Twitter. “Estou orgulhoso de me juntar com o presidente-eleito, nossos aliados, e os jovens líderes do movimento climático para combater essa grave crise.”
Kerry foi Secretário de Estado no Governo Obama, Senador por Massachusetts de 1984 a 1988, e candidato à presidência pelos Democratas na corrida eleitoral de 2004, quando perdeu para George W. Bush.
Ele também foi um dos arquitetos do Acordo de Paris, em 2016, quando assinou o acordo com a neta sentada no colo.
Nos últimos anos, dedicou-se ao tema das mudanças climáticas. No ano passado, fundou o ‘World War Zero’, uma iniciativa para unir “aliados improváveis com uma missão em comum: fazer o mundo responder à crise climática da mesma forma com que nos mobilizamos para vencer a Segunda Guerra Mundial.”
A escolha de Kerry foi elogiada pelos ativistas do tema.
Tom Steyer, o fundador do Farallon Capital que se reinventou como ativista do meio ambiente, disse que a liderança de Kerry é “necessária para enfrentar a crise climática, restabelecer a América como um líder mundial no clima e trabalhar internacionalmente para salvar o planeta.”
Kerry terá o desafio de implementar o plano ambicioso de Biden para o meio ambiente: tornar os Estados Unidos neutro em carbono até 2050.
O plano — que envolve diversas secretarias do governo e um investimento de US$ 2 trilhões — passa por aportes em energia limpa, climatização (‘weatherization’) e transportes sustentáveis.
Biden já disse que os EUA vão voltar ao Acordo de Paris no ‘Day One’ de sua gestão e que a batalha para salvar o meio ambiente está entre as cinco maiores prioridades de seu governo — um posicionamento diametralmente oposto ao de Trump, que passou quatro anos negando a existência do problema.
Em setembro, quando autoridades da Califórnia lhe pediram para trabalhar juntos para gerenciar a mudança climática, que ajudou a causar os incêndios que destruíram vidas, casas e negócios, Trump minimizou: “A temperatura vai começar a cair.. Você vai ver.”
O Secretário de Recursos Naturais do Estado devolveu: “Eu queria que a Ciência concordasse contigo.” Trump encerrou o assunto: “I don’t think Science knows, actually.”
Vale a pena ver a cena.