Após anos de investimentos pesados, a Lojas Renner apresentou o primeiro balanço de sua nova logística de distribuição numa reunião com investidores na sexta-feira.
O novo modelo de logística, conhecido como “push and pull”, concentra os estoques em centros de distribuição automatizados, que identificam os produtos que estão vendendo bem nas lojas e automaticamente os repõem.
Apesar de incipientes, os resultados estão começando a aparecer: as vendas estão crescendo e com margens maiores, porque a necessidade de liquidar itens encalhados diminui.
De acordo com a companhia, a ‘ruptura’ – jargão do varejo para a falta de produto nas lojas e um dos grandes problemas da Renner – foi reduzida em 50% para os itens que já são vendidos sob o novo modelo, e o faturamento com esses itens cresceu sete pontos percentuais a mais do que o daqueles que ainda operam sob o modelo anterior.
Como consequência, no acumulado do ano, o custo de logística caiu 3,6% por produto vendido (em termos nominais) frente a 2016.
Por enquanto, o “push and pull” foi aplicado apenas a coleções de itens básicos, mas o CEO José Galló espera implementar o sistema ao restante das coleções até o final de 2019.
A assertividade logística é crucial no modelo de fast fashion – que fez da Inditex, controladora da Zara, uma das empresas mais bem sucedidas do mundo – porque a rotação maior de coleções estimula o consumo. A capacidade de trocar coleções rapidamente (e ao mesmo tempo aumentar a rentabilidade) ganhou ainda mais importância nos últimos anos com a recessão da economia brasileira.
A Guararapes, dona das lojas Riachuelo, também reformulou toda a estrutura de abastecimento de lojas e vem entregando aumento da receita e de margens, num movimento de alavancagem operacional que deve dar ainda mais resultados com a retomada da economia.
O primeiro CD automatizado da Renner foi inaugurado no Rio em 2012 e o segundo, em Santa Catarina no fim de 2015. Inicialmente, a companhia previa um terceiro centro de distribuição mas os planos foram postergados.
Apesar do update sobre a logística, a Renner não trouxe novidades em relação a um dos principais pontos cobrados por investidores: a operação de ecommerce.
Galló disse que a companhia ainda está desenhando a operação, o que deve ser concluído nos próximos 12 meses.
Sem dar detalhes, o CEO disse que a empresa deve trabalhar com um modelo de ecommerce próprio – em vez de vender seus produtos em marketplaces, como a Dafiti por exemplo – para preservar o valor da marca.