Menos de uma semana depois de a Boeing formalizar sua proposta de joint venture com a Embraer, a Airbus está anunciando um ‘rebranding’ dos jatos regionais CSeries da Bombardier: agora eles se chamam A220, adotando a nomenclatura característica da fabricante europeia.

Até o fim do ano, a Airbus planeja assegurar 100 novas encomendas dos jatos regionais.

O anúncio da Airbus — feito hoje em Toulouse — mostra que enquanto Boeing e Embraer estão apenas começando a discutir os detalhes de sua JV, a concorrência se apressa para ganhar market share.

Desde o lançamento do programa, em 2009, os dois jatos da família A220 contam com 402 pedidos.

Para efeito de comparação, desde que lançou o programa E2 e começou a aceitar pedidos, em 2013, a Embraer vendeu 180 unidades dos modelos E190-E2 e E195-E2, além de firmar contratos de opção de compra de mais 187 unidades. 

Esses são os modelos que brigam de frente com o A220-100 e A220-300 na categoria até 150 assentos. (A Embraer tem ainda mais 200 pedidos – entre firmes e opções – para o jato E175-E2).

A Airbus, que pagou um preço simbólico (US$ 1) para adquirir o programa CSeries, tampouco precisará investir em fábricas para ampliar a produção, hoje centrada em Quebec, no Canadá. Parte dos jatos sairão da fábrica da Airbus no Alabama, nos EUA.

Para os próximos 20 anos, a Airbus quer abocanhar metade do mercado de jatos regionais, hoje dominado pela Embraer: de cada dez jatos regionais em operação, seis são fabricados no Brasil. Pelas contas da Airbus, 7 mil jatos de até 150 lugares devem ser vendidos nos próximos 20 anos.

A Airbus adquiriu 50,01% da família CSeries da Bombardier em outubro do ano passado, livre de dívidas. (A Embraer, por sua vez, ainda não disse ao mercado quanto de sua dívida será transferida à JV com a Boeing, dificultando a tentativa dos investidores de avaliar a empresa.)

A operação da Airbus com a Bombardier evitou o fracasso do projeto CSeries, que custou mais de US$ 5 bilhões, US$ 2 bi a mais que o previsto. Na época da associação com a Airbus, a Bombardier devia quase US$ 9 bilhões, dependendo de subsídios do governo canadense para sobreviver.

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