O Banco Inter anunciou um follow-on de R$ 900 milhões para aumentar seu poder de fogo em aquisições que fortaleçam seu marketplace, num momento em que as vendas começam a ganhar musculatura e relevância dentro do negócio.
A oferta-base será de 14,5 milhões de units, cerca de R$ 900 milhões no preço de fechamento de hoje. O Inter vale R$ 14 bi na Bolsa.
A oferta é 100% primária, e os coordenadores são Bradesco BBI, BTG Pactual, JP Morgan e Santander.
Além das atividades de banking do dia a dia, o Inter está se transformando numa plataforma de ecommerce, crédito, investimentos e seguros. Ao oferecer uma conta bancária sem taxas, o banco consegue monetizar seu negócio com rebate de fundos, distribuição de produtos financeiros, interchange rate de cartões e seguros.
O marketplace, que começou a funcionar em dezembro, está escalando exponencialmente. No mês de julho, o GMV do Inter foi R$ 115 milhões — nove vezes o volume do primeiro trimestre. Em termos anualizados, este número equivale a um GMV de R$ 1,4 bi. Para efeito de comparação, o Magalu fez R$ 3 bi em GMV em seu marketplace no ano passado (obviamente, considerando-se o 3P apenas).
O marketplace conecta o usuário do Inter com mais de 130 lojas de empresas como Unilever, Carrefour, Centauro e Samsung — com o cliente ganhando cashback em dinheiro direto em sua conta. Recentemente, o banco adicionou categorias como viagens e combustível, e planeja entrar em alimentação.
Para ressaltar seu foco estratégico no crescimento de seu marketplace, nos próximos dias o Inter deve anunciar uma nova logomarca abandonando a palavra ‘Banco’, disse uma pessoa familiarizada com os planos da companhia.
Desde seu IPO em abril de 2018, o Inter cresceu sua base de clientes e expandiu dramaticamente sua oferta de produtos sem queimar caixa. O banco tem hoje mais de 6 milhões de correntistas. A receita de serviços não-bancários, que há dois anos era ínfima, hoje representa 41% da receita total do banco.
O chamado ‘índice de cross selling’ — que mede quantos produtos o cliente do banco compra — subiu de 2,1 no IPO para 2,75 agora, um sinal de que os clientes estão se engajando mais com o banco. Dados reportados pelo Inter mostram que os novos clientes já começam usando mais produtos que os clientes antigos, e o tempo de adoção de produtos está diminuindo a cada safra.
A oferta deve aumentar a liquidez do papel e permitir a entrada de novos investidores institucionais. O free float do Inter é de cerca de 60%, mas mais da metade está nas mãos do Softbank (dono de 15% do capital) e de gestoras como Ponta Sul e Atmos— que tem carregado o papel e tendem a acompanhar a oferta — deixando o float real na casa dos 25%.
Uma fonte próxima da transação disse que a família Menin, que tem cerca de 34% do banco, não deve acompanhar a oferta para permitir a entrada de novos acionistas.
Com um pouco mais de liquidez, a unit do banco, que hoje negocia R$ 36 milhões/dia, pode entrar no índice Bovespa. (A liquidez é prejudicada porque as ações preferenciais — BIDI4 — são listadas separadamente, e também negociam outros R$ 36 milhões/dia.)