A Jive — uma das maiores gestoras de ativos distressed do País, com R$ 8 bilhões sob gestão — está fechando um private placement liderado pela XP, que deve ficar com cerca de 20% da empresa, fontes a par das negociações disseram ao Brazil Journal.
Diversos gestores da Faria Lima e do Leblon — sócios da Verde, VELT, Truxt e Miles — são cotistas dos fundos da Jive e também estudam entrar na rodada.
Pela transação que está na mesa, o pool de investidores vai ficar com cerca de 30% do capital da gestora, com a XP ficando com cerca de dois terços do total.
Na escolha de um sócio, a Jive levou em conta a capilaridade da XP — dada sua rede de agentes autônomos que cobre do Oiapoque ao Chuí — que vem a calhar num momento em que a gestora se prepara para lançar fundos para o varejo, segundo as fontes próximas ao assunto. O processo competitivo contou com fundos de private equity locais, estratégicos que competem com a XP, e até um fundo especializado em asset managers que ainda não investiu no Brasil.
A transação vem meses depois da Jive contratar bancos para um IPO. A rodada que está sendo negociada financia o plano de negócios da Jive pelos próximos anos, mas um IPO permanece uma possibilidade mais à frente.
A Jive vai usar os recursos da rodada para coinvestir em seus próximos fundos, investir em tecnologias que melhorem seu processo de recuperação de ativos e atrair talento por meio de aquisições.
Fundada em 2010 por Guilherme Ferreira, Alexandre Cruz e Marcelo Martins, a primeira transação da Jive foi a compra da carteira de crédito do Lehman Brothers no Brasil — um portfólio de R$ 1 bilhão junto a 211 empresas.
A gestora já está em seu terceiro flagship fund, o Jive Distressed III, que levantou R$ 4 bi em setembro do ano passado.
Nos primeiros cinco anos, a gestora investiu apenas o capital dos sócios — R$ 115 milhões em 15 transações diferentes.
Em 2015, em meio ao estresse do mercado com o governo Dilma, a empresa viu a oportunidade de captar com terceiros e lançou seu primeiro fundo — um veículo de R$ 500 milhões que entregou um retorno de mais de 20% ao ano.
A empresa tem 220 funcionários e 19 sócios — dos quais cinco são managing partners — e investe em ativos ilíquidos e complexos como créditos não pagos, obras inacabadas, passivos ambientais, precatórios e outros.
Ou, como a empresa explica em um vídeo no YouTube, “a gente compra problemas, resolve esses problemas e vende os ativos sem problemas.”
Um desses problemas era a Viver, a incorporadora que entrou em recuperação judicial em 2016 com um passivo de R$ 1 bi.
Dois anos depois, um fundo gerido pela Jive comprou imóveis inacabados e dívidas dos credores contra a Viver. De lá para cá, a gestora concluiu as obras, entregou 1.000 imóveis e converteu os créditos em ações, tornando-se a maior acionista da Viver com cerca de 50% do capital. Há algumas semanas, a Viver saiu da recuperação judicial.
A Seneca Evercore assessorou a Jive.