A ArcelorMittal Brasil reportou um resultado de 2022 com queda nos volumes de venda e retração nas margens, mas o CEO Jefferson de Paula disse que o resultado foi forte dada uma base de comparação “fora da curva.”
“2021 teve um boom de aço com as pessoas gastando mais com reformas, compra de imóveis e carros. Foi o recorde histórico do setor, com o consumo aparente crescendo 26%,” ele disse ao Brazil Journal. “O ano passado também foi forte, mas a base estava muito fora da curva.”
A produção de aço da ArcelorMittal caiu de 13,4 milhões de toneladas/ano para 12,7 milhões, enquanto o volume de vendas caiu menos, de 12,5 milhões de toneladas para 12,4 milhões de toneladas/ano.
Segundo o CEO, o primeiro semestre do ano passado foi muito bom, mas o segundo começou com uma correção forte, com o pior resultado ficando para o quarto tri.
No início deste ano, as vendas melhoraram em comparação com o quarto tri, mas ainda estão menores na comparação anual, disse Jefferson.
A ArcelorMittal vende seu aço basicamente para a construção civil, o setor automotivo e o de máquinas e equipamentos. Esses três segmentos respondem por cerca de 80% das vendas.
Além de vender no mercado local, a companhia exporta parte relevante de sua produção. No ano passado, a ArcelorMittal aumentou um pouco as exportações para compensar a queda da demanda no mercado interno. No ano, as exportações responderam por 40% das vendas.
A companhia teve uma receita líquida de R$ 71,6 bilhões, uma alta de 3,8%, que veio basicamente do aumento de preços. O EBITDA ficou em R$ 14,9 bilhões, uma queda de 26%, e o lucro líquido veio em R$ 9,1 bilhões, 33% menor que o de 2021.
A queda na margem EBITDA (de 29% para 21%) teve a ver basicamente com as pressões de custos, a queda no consumo aparente e o aumento das exportações.
“Essa confusão toda que teve com a guerra na Ucrânia fez o preço das commodities e do frete explodirem, aumentando nossos custos,” disse o CEO. Além disso, “aumentamos as exportações, que é onde temos menos margem.”
O resultado vem num momento em que a ArcelorMittal está executando um capex relevante de expansão e modernização.
A companhia anunciou no início do ano passado que vai investir R$ 7,7 bilhões ao longo de três anos para aumentar a capacidade de duas de suas plantas, turbinar a produção de suas minas de minério de ferro e começar a produzir aços de maior valor agregado (e margens maiores) para as indústrias automotiva e de eletroeletrônicos.
Segundo Jefferson, a ideia é aumentar a capacidade produtiva das minas de minério de ferro em 4,5 milhões de toneladas/ano. Hoje, a capacidade é de 5 milhões de toneladas, das quais 3,5 milhões são para o consumo da própria companhia (na usina de Monlevade); o restante é vendido para terceiros.
Os 4,5 milhões adicionais devem ser usados para alimentar a operação da companhia no México.
“Decidimos exportar para o México porque já temos contratos de longo prazo no Brasil para a compra de minério,” disse o CEO. “Em termos logísticos também é mais fácil mandar para lá.”
A ArcelorMittal também está no processo de integração da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), que ela comprou no ano passado por R$ 11,4 bilhões.
Jefferson disse que a integração já começou, com a nomeação de um novo CEO e a alocação de uma equipe para trabalhar nas melhorias e sinergias da operação. A companhia espera extrair sinergias tanto do lado de custos, com o maior poder de compra de insumos, quanto do lado da performance industrial e das vendas.
Apesar de estar no processo de integração dessa aquisição, Jefferson disse que a ArcelorMittal continua olhando oportunidades de M&A no Brasil.
“Somos uma empresa que cresceu comprando outras. Temos esse mindset muito forte de crescimento, então estamos sempre olhando oportunidades. Acabamos de fazer um investimento grande, mas estamos estruturando outras coisas sim.”