Três meses depois do início da disputa entre o fundador da GetNinjas e seus principais acionistas, a companhia tem um novo CEO.
Leonardo Meneses assumiu o marketplace de serviços domésticos na última segunda-feira e passou as últimas 48 horas conversando com a diretoria sobre o futuro da empresa.
O executivo estava há quatro meses na REAG – agora, a maior acionista da empresa – e tem na bagagem quase cinco anos de Alvarez & Marsal, onde atuou em reestruturações de varejistas como o Grupo GEP, Atacadão dos Eletros e Grupo Sacada.
Agora, Meneses tem o desafio de reestruturar a GetNinjas e executar a tese da REAG e da ARC – que juntas têm 60% da empresa – de que é possível acelerar o crescimento e ainda entregar rentabilidade.
No terceiro trimestre, a GetNinjas reportou uma receita de R$ 15,5 milhões, uma alta de 8% na comparação anual, e um lucro de R$ 4,2 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 2,8 milhões um ano antes.
O novo CEO diz que os resultados já devem começar a aparecer no primeiro semestre de 2024.
“Na Alvarez, tudo era para ontem. Então, o pensamento seria de já aparecer resultados no primeiro trimestre, mas entendo que o resultado full aparecerá no segundo trimestre,” Meneses disse ao Brazil Journal.
Segundo ele, os pilares de crescimento são três: oferecimento de novos serviços no aplicativo; implementação de parcerias B2B; e racionalização de despesas.
O executivo ainda não diz quais serviços serão oferecidos, mas a ideia é rentabilizar a jornada do consumidor quando ele usa o aplicativo – algo similar ao que a Lojas Marisa tem feito: parcerias com empresas de seguros, planos de saúde, entre outros.
No caso das parcerias B2B, a ideia da nova GetNinjas é buscar parcerias com pequenos negócios e condomínios e oferecer planos de serviços sob demanda e sob medida.
“Você tem um prédio que estoura um cano, por exemplo, e não tem encanador. Vamos garantir que ele terá um encanador à disposição em um número específico de horas,” disse Meneses.
Meneses não enxerga, por ora, a necessidade de um corte de pessoal. Segundo ele, uma das primeiras coisas que fez ao sentar na cadeira de CEO foi pedir acesso aos contratos que a companhia tem com fornecedores. A ideia é renegociar a maior parte deles.
Com mais espaço no orçamento, Meneses quer dar um destino melhor para o caixa da companhia do que os planos da antiga gestão; o fundador Eduardo L’Hotellier queria devolver R$ 230 milhões do caixa aos acionistas.
Por isso, boa parte dos R$ 280 milhões disponíveis atualmente devem ser direcionados para novas avenidas de crescimento, que devem acontecer via aquisições.
Mesmo dizendo que não haverá demissões neste primeiro momento, o novo CEO vai encontrar cerca de 180 funcionários com receio em relação ao futuro e com dúvidas sobre a nova cultura da companhia.
Meneses diz estar acostumado com isso graças ao seu histórico de reestruturações, mas tem a certeza de que os funcionários vão entender o novo momento da empresa.
“Isso vai acontecer na medida que eles virem o valor sendo gerado pela companhia,” disse.
O executivo, que entrou na companhia juntamente com a CFO Fabiana Franco e o diretor de RI Thiago Gramari, também precisará enfrentar a onipresença do fundador e CEO destituído Eduardo L’Hotellier.
Segundo o Brazil Journal apurou, L’Hotellier, dono de 24,6% das ações da GetNinjas, deve fazer jogo duro no conselho de administração, após conseguir se manter no board. Ele discorda de boa parte das estratégias da nova gestão.
“Mas ele vai analisar caso a caso. Não vai fazer oposição por oposição, mesmo discordando de tudo o que aconteceu,” disse uma fonte próxima a ele.
Também não é certo se L’Hotellier vai aderir à OPA que a REAG precisará fazer após atingir 25% do capital. O lançamento da oferta é esperado até o dia 11 de dezembro.
Meneses disse que a empresa continuará sendo tocada alheia a todos esses conflitos – e não acha que o fechamento de capital será o destino da empresa após a OPA.
“Não vejo essa possibilidade de fechamento de capital. Mas eu entrei na empresa há apenas dois dias, então não dá para cravar,” disse.