A REAG Investimentos disse que vai fazer uma OPA para comprar todas as ações da Getninjas — no movimento mais incisivo da gestora desde que começou a montar sua posição na empresa em setembro com um discurso ativista.

Há duas semanas, a REAG havia atingido pouco mais de 24% do capital do marketplace de serviços domiciliares. 

Agora, chegou a 25,004% do capital, ultrapassando o limite do poison pill, que obriga qualquer acionista que tenha mais que 25% das ações a fazer uma OPA aos minoritários.

Segundo uma fonte próxima à gestora, a REAG decidiu ultrapassar voluntariamente esse limite como uma resposta a um questionamento que a Getninjas publicou ontem — dando a entender que a REAG poderia ser parte relacionada da ARC e da WHG, que haviam comprado, juntas, outros 17% do capital.

A gestora também decidiu seguir com a OPA como forma de reafirmar sua confiança na companhia e em sua tese para o negócio.

Em entrevista recente ao Brazil Journal, o CEO da REAG, João Carlos Mansur, disse que a Getninjas precisa “pensar fora da caixinha” e que “tem muita coisa para fazer” na empresa.

Para ele, a empresa poderia agregar uma vertical de crédito, de operações condominiais e de seguros — oferecendo, por exemplo, um seguro de performance. Outra avenida de crescimento, segundo ele, seria entrar no mercado B2B, por meio da aquisição de um concorrente ou desenvolvendo o negócio internamente.

No comunicado da OPA, a REAG disse ainda que vai enviar ao conselho um pedido de convocação de uma assembleia de acionistas para discutir a destituição do atual conselho e a eleição de novos membros.

A investida da REAG veio simultaneamente a uma proposta da Getninjas de distribuir praticamente todo seu caixa aos acionistas, com uma redução de capital de R$ 223 milhões, equivalente a R$ 4,40 por ação.

Hoje, o papel negocia a R$ 4,20.

A justificativa do CEO Eduardo L’Hotellier é que o cenário mudou muito desde o IPO da empresa, em 2021, e que a companhia não consegue fazer M&As com esses recursos por uma questão técnica: como a ação está negociando abaixo do que a Getninjas tem em caixa, isso gera um estímulo para os acionistas exercerem o direito de recesso nas transações, pedindo o resgate do dinheiro.

A REAG se posicionou contrária à redução de capital, já que inviabilizaria o crescimento de longo prazo da companhia.