A guerra tarifária de Donald Trump está levando “caos” à indústria automobilística dos EUA, disse o CEO da Ford, Jim Farley.
“O Presidente Trump falou muito sobre fazer a indústria automobilística mais forte, trazendo mais produção para cá, mais inovação,” disse Farley. “Até agora, estamos vendo apenas mais custos – e muito caos.”
Farley deu as declarações em Detroit durante um evento da Wolfe Research.
De acordo com a CNBC, o executivo disse que a maior parte do aço e do alumínio usados pela montadora são comprados de siderúrgicas americanas, mas dependem de insumos importados.
“Teremos que lidar com isso, o custo do caos,” disse Farley. “Um pouco aqui, um pouco ali. É com isso que estamos lidando agora.”
A Ford é hoje a maior produtora de veículos nos EUA.
“Sejamos francos. A longo prazo, tarifas de 25% contra México e Canadá vão abrir um rombo na indústria americana nunca visto antes,” afirmou.
A CEO da General Motors, Mary Barra, disse no mesmo evento que a montadora preparou um plano de contingência para mitigar entre 30% e 50% o custo adicional das tarifas.
“Estamos preparados,” disse Barra. “Quando soubermos exatamente o que vai acontecer, sabemos que passos adotar.”
Em 2018, no seu primeiro mandato, Trump já havia imposto barreiras semelhantes, determinando a cobrança de tarifas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio.
A Ford disse que essas tarifas reduziram seu lucro em US$ 750 milhões naquele ano, de acordo com o Wall Street Journal. Já a GM perdeu cerca de US$ 1 bilhão.
Farley irá a Washington nesta quarta-feira para tentar demover Trump. Mas se as tarifas forem de fato implementadas, o executivo disse que os carros importados do Japão pela Toyota e da Coreia do Sul pela Hyundai deveriam ficar sujeitos às alíquotas de 25% que deverão ser cobradas de Canadá e México.
A guerra tarifária de Trump foi alvo de críticas também de Ken Griffin, o fundador e CEO da Citadel.
“Do meu ponto de vista, o dano dessa retórica bombástica já foi feito,” Griffin disse durante a UBS Financial Services Conference em Key Biscayne. “É um erro enorme recorrer a essa forma de retórica quando você está tentando negociar.”
Para Griffin, esse tipo de política compromete o planejamento de longo prazo das empresas e faz dos EUA um parceiro comercial menos confiável.
“Isso dificulta, em particular, que as multinacionais pensem em como planejar os próximos cinco, 10, 15, 20 anos – principalmente quando se trata de investimentos de longo prazo que podem ser afetados por uma piora no relacionamento com os principais países ocidentais,” disse Griffin.