A MRV está prestes a anunciar o IPO da Urba, uma oferta que deve levantar R$ 1 bilhão para a empresa de loteamentos numa época em que a pandemia aumentou a procura por casas e em que a Caixa voltou a financiar o segmento, pessoas a par do assunto disseram ao Brazil Journal.

Segundo essas fontes, a companhia já mandatou o BTG Pactual (líder), Santander, Bradesco e Itaú como coordenadores da oferta, que deve acontecer em outubro.

11113 12992682 9dc4 d9bd 9352 1fe3eb3084f3A oferta será 100% primária, e os recursos serão usados para a compra de terrenos e capital de giro. A Urba deve faturar R$ 100 milhões este ano com a venda de 1.000 lotes, mas tem potencial para chegar a 15.000/ano nos próximos sete anos.

A Urba — que vende lotes entre R$ 60 mil e R$ 100 mil — começou em 2012 como uma startup dentro da MRV.  A companhia testou muito o mercado e passou a ver o nicho de loteamentos como parte de sua estratégia para diversificar seu negócio.  Mas o fluxo de legalização de terrenos foi lento, e a Urba só ganhou massa crítica em seu landbank nos últimos anos.

O management também acaba de ficar mais robusto.

Três anos atrás, a MRV fez uma concorrência para escolher a firma de engenharia para construir a Arena MRV — o estádio ‘state of the art’ em Belo Horizonte que será o campo do Atlético Mineiro e onde a MRV terá ’naming rights’.  Durante o processo, que envolveu quatro empresas, a família Menin se impressionou com Erika Matsumoto, uma executiva da Racional Engenharia, que acabou ganhando a concorrência.  No início deste ano, quando souberam que Erika estava deixando a Racional, os Menin convenceram a executiva a se tornar CEO da Urba.
 
A Urba se beneficia da presença da MRV em 167 cidades e do overhead de sua controladora, que lhe presta serviços de backoffice, cobrança e tecnologia.  Em cada cidade, o time local da MRV ajuda a Urba a prospectar terrenos e desenvolver projetos — a companhia desenvolveu uma governança específica para administrar potenciais conflitos.  

A Urba pode atuar sozinha — criando loteamentos abertos ou fechados (com muro e guarita) — ou dividir o projeto com a MRV, que pode construir casas (com preços entre R$ 140 mil e R$ 200 mil) ou edifícios em sua parte do terreno.

Capitalizada, a Urba vai alocar tempo e capital em áreas na chamada ‘saia da cidade’ — terrenos de mais de 1 milhão de metros quadrados tipicamente no limite do município, e até agora negligenciados pela MRV.

A Urba — que hoje tem 65% de seu landbank em São Paulo e 25% em Minas Gerais — também deve entrar no mercado do Centro-Oeste, onde a MRV já opera há 10 anos.

O IPO acontece num momento em que a pandemia aumentou a procura por casas — o que levou a Caixa a olhar para o segmento. 

No início do mês, a Caixa voltou a financiar lotes urbanizados para o cliente final, o que reduz substancialmente o valor da prestação.

Hoje, o comprador de um lote de R$ 80 mil paga uma prestação de R$ 1.000-1.100 num financiamento em 12 anos direto com a loteadora. Já um financiamento de 20 anos na Caixa gera uma prestação de cerca de R$ 550, aumentando o acesso.

A Urba virá ao mercado depois da oferta da Alphaville Urbanismo, o nome mais conhecido do setor, que também planeja levantar R$ 1 bi numa oferta que deve ser precificada em setembro.  De acordo com o prospecto de Alphaville, o principal uso dos recursos da oferta vai ser reduzir o endividamento da empresa.

A MRV tem 52% da Urba, e uma holding da família Menin tem outros 25%.  José Felipe Diniz, um sócio dos Menin com 30 anos de experiência em loteamentos, tem 15%, e os executivos, 8%.