A Ambipar acaba de reportar um segundo trimestre com receita recorde e acima do consenso do mercado – além de estar num ritmo de crescimento mais alto do que o próprio guidance da companhia, que é de crescer 10% este ano.
A receita líquida, de R$ 1,4 bilhão, teve alta de 17,5% ano contra ano e se tornou a maior para um trimestre na história da companhia. O consenso Refinitiv apontava para uma receita de R$ 1,3 bilhão.
O EBITDA também foi recorde, com um crescimento de 18% na comparação anual, chegando a R$ 436,4 milhões – o consenso esperava R$ 390 milhões.
“O resultado deve surpreender positivamente o mercado, afinal conseguimos extrair muito valor do nosso pipeline de contratos” o CFO João Arruda disse ao Brazil Journal. “No semestre, estamos 440 bps acima do nosso guidance.”
O recém-chegado CFO, que assumiu o cargo segunda-feira, disse que um dos principais pontos para o crescimento do EBITDA foi a integração das áreas de compras da Ambipar no Brasil.
Na vertical de environment, por exemplo, houve um acréscimo de 200 bps porque a Ambipar unificou a compra e venda de produtos como plástico, papel e papelão, destinados para a indústria de reciclagem.
Ainda assim, a margem EBITDA da vertical de enviroment caiu de 37% para 36,2%. Segundo Arruda, um contrato de um projeto de reflorestamento com a AstraZeneca fechado há um ano impactou a base de comparação.
Já a área de response, que compreende consultoria, treinamento, serviços de compao e gestão de crises, viu a margem EBITDA subir 120 bps, principalmente por causa do aumento de mix de vendas e aceleração da integração das aquisições.
Arruda também disse que o resultado do segundo tri mostra que o crescimento virá – mesmo com um capex menor.
No segundo tri, a Ambipar fez um capex de R$ 132 milhões, uma redução de 17,5% em um ano, e chegou ao menor índice capex/receita líquida da história, com 9,3%.
Segundo Arruda, sem os investimentos não-recorrentes no projeto Giri, no Chile, esse percentual seria de 8,2%.
“Esses números são o novo normal da companhia. Não à toa conseguimos nos comprometer com uma alavancagem de 2,5x até junho do ano que vem,” disse.
No segundo tri, a alavancagem chegou a 2,82x, redução de 0,3x em relação ao tri anterior.
O executivo disse que a alavancagem deve cair mais fortemente no segundo semestre com o início do plano de sale leaseback de milhares de caminhões e máquinas de linha amarela.
“Vamos começar no Brasil, mas no longo prazo também será feito o mesmo em outros países,” disse o CFO.
O resultado de hoje vem depois de semanas de um short squeeze espetacular no papel, depois que o controlador aumentou a sua posição de 66% para 73% e a própria empresa recomprou o seu papel.
O papel já subiu 800% desde o fim de junho em meio à uma volatilidade intraday brutal.
“É uma situação atípica e que foge ao nosso controle,” disse Arruda. “O nosso foco é o resultado: entregar geração de valor ao acionista e desalavancar a empresa.”
Arruda disse que pretende se aproximar mais do mercado para entender as demandas dos investidores. Porém, mesmo com essa alta recente, ele vê a empresa negociando a múltiplos baixos em relação aos pares internacionais.
“Antes desse movimento estávamos negociando em torno de 5x EV/EBITDA e agora estamos a 11x. Tem peers no exterior que negociam acima de 17x, então o mato é muito alto,” disse.
A ação da Ambipar sobe 320% nos últimos 12 meses. A empresa vale R$ 13,7 bilhões na Bolsa.