A Getty Images e o Shutterstock — dois dos maiores bancos de imagens e vídeos do mundo — estão se fundindo numa transação de US$ 3,7 bilhões, juntando forças num momento em que ambas estão sendo desafiadas pela inteligência artificial generativa.
A transação foi estruturada praticamente como uma fusão de iguais: os acionistas da Getty Images ficarão com 54% da nova companhia, e os acionistas do Shutterstock com o restante.
Para os acionistas do Shutterstock, haverá três opções: receber 100% do valor em cash, com cada ação da empresa avaliada em US$ 28,80; receber 13,67 ações da Getty Images para cada ação da Shutterstock; ou receber uma combinação de US$ 9,50 em cash e 9,17 ações da Getty por ação.
O mercado aplaudiu a operação, com as ações das duas empresas disparando no pregão de hoje.
A Shutterstock chegou a subir 24% e fechou o dia em alta de 15%; a Getty Images chegou a subir mais de 50% para fechar em alta de 24%.
A empresa combinada terá uma receita anual de cerca de US$ 2 bilhões (46% vindo de assinaturas), EBITDA de US$ 570 milhões, e uma alavancagem de 3x EBITDA. As sinergias estimadas são de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões, e virão principalmente de reduções de despesas e capex. As companhias esperam atingir essas sinergias nos primeiros três anos pós-transação.
O CEO da Getty Images, Craig Peters, disse que a fusão é transformacional para as duas companhias, “destravando múltiplas oportunidades de fortalecer o balanço e de investir mais no futuro, incluindo aumentar a oferta de conteúdo, expandir a cobertura de eventos e entregar novas tecnologias para servir melhor nossos consumidores.”
Para ele, o timing da fusão não poderia ser melhor, já que há um crescimento acelerado na demanda por conteúdo visual. “Ao combinar nossas forças complementares, podemos endereçar melhor as demandas dos consumidores.”
Peters continuará à frente da empresa, enquanto o CEO da Shutterstock, Paul Hennessy, irá para o conselho.
A fusão vem em meio a proliferação de ferramentas de IA generativa que criam imagens e vídeos baseadas em textos, como a Midjourney e a DALL-E, da OpenAI.
Tanto a Getty Images quanto a Shutterstock já têm respondido à ameaça. A primeira lançou um gerador de imagens com IA treinado com sua biblioteca de fotos, e lançou uma ferramenta semelhante no iStock, outro repositório de imagens controlado por ela. A Getty Images também é dona do Unsplash.
Já a Shutterstock tem uma parceria com a OpenAI desde 2021, permitindo que a companhia use sua biblioteca para treinar os modelos do DALL-E, em troca de disponibilizar ferramentas de IA em sua plataforma.