No maior investimento externo de sua história, a Amazon está desembolsando US$ 2,75 bilhões para ampliar sua participação na Anthropic, a startup de inteligência artificial apontada como a principal concorrente da OpenAI.
Com isso, o total aportado pela empresa de Jeff Bezos na startup chega a US$ 4 bilhões. Em setembro do ano passado, ela já havia feito um aporte de US$ 1,25 bi.
Com o valuation da Anthropic estimado em US$ 18,4 bilhões, a Amazon manterá uma participação minoritária e não terá cadeira no conselho. É ainda, portanto, uma posição mais restrita do que a exercida pela Microsoft na OpenAi.
A Anthropic nasceu de dissidentes da OpenAI.
A startup foi fundada em 2021, em São Francisco, por Dario Amodei, que foi vice-presidente de research da OpenAI. Ele participou diretamente do desenvolvimento das primeiras versões do GPT (generative pre-training transformer), o modelo de linguagem do ChatGPT e que também está no Copilot da Microsoft.
Em 2020, após divergências com os controladores da OpenAI, Dario decidiu sair para criar a sua própria startup, levando consigo a irmã Daniela, que era VP de safety e policy, e alguns colegas.
A Anthropic desenvolveu o chatbot Claude, um concorrente direto para o ChatGPT.
Antes dos investimentos da Amazon, a Anthropic havia conseguido atrair recursos de venture capital, incluindo aportes do Google, que colocou US$ 2 bilhões em dinheiro e espaço em nuvem.
O foco da Anthropic são os clientes corporativos que demandam uma enorme quantidade de processamento de dados. O Claude vem ganhando adeptos sobretudo nas empresas de serviços financeiros e jurídicos.
Dario Amodei, que ficou cinco anos na OpenAI, sustenta que um de seus principais objetivos é conceber modelos de IA mais seguras e confiáveis — ou seja, com menores riscos de fugir do controle e criar as chamadas ‘alucinações’.
“Nossos clientes são empresas que se preocupam se o modelo não fará nada de imprevisto,” afirmou Amodei à Fortune em uma entrevista no ano passado.
Recentemente, a empresa colocou no mercado o Claude 3, a versão mais poderosa de seu chatbot – e que, em diversas comparações, supera os seus principais adversários, o GPT-4 da OpenAI e o Gemini Ultra do Google.
Entre os três grandes provedores de nuvem, a maior delas, a Amazon, dona da AWS, era a única que não havia feito nenhum grande investimento em um ‘modelo fundacional’ (foundation model) de inteligência artificial. A partir desses modelos é possível criar softwares e treinar aplicativos com recursos de IA.
Se ficasse para trás nessa corrida, analistas do setor dizem que a AWS poderia perder clientes para a Microsoft – cuja nuvem, a Azure, oferece ferramentas da da OpenAI – ou para o Google Cloud, que tem o seu próprio modelo.
Em uma relação similar à da OpenAI com a Microsoft, a Anthropic vai usar a AWS como a sua principal provedora de nuvem. Também empregará os chips que estão sendo desenvolvidos pela Amazon para desenvolver os seus novos modelos de linguagem.
O grande gargalo para as startups de IA é justamente a capacidade computacional. Para crescer, elas dependem de espaço na nuvem – tanto para treinar os seus modelos como para fazê-los rodar para os clientes.
Desde o lançamento do ChatGPT, no final de 2022, os investimentos em IA explodiram. Segundo números do PitchBook publicados pela CNBC, houve 700 deals em 2023, totalizando US$ 29,1 bilhões.