A Yuca — a startup de coliving e aluguel de apartamentos individuais — acaba de levantar US$ 10 milhões (R$ 50 milhões ao câmbio de hoje) para financiar uma expansão agressiva de seu portfólio de imóveis.
A rodada Série A foi bancada majoritariamente pelos investidores anteriores da Yuca: a Monashees, que liderou o round, e a ONEVC, que triplicou sua participação nesta rodada.
Os fundos Foundation Capital — um VC americano que foi um dos primeiros investidores do Netflix — e a Tishman Speyer, o player global de real estate, também participaram.
A startup não abriu o valuation, mas em sua última rodada, em 2019, ela havia sido avaliada em R$ 100 milhões num aporte de R$ 20 mi.
A Yuca já administra 500 unidades residenciais na cidade de São Paulo, incluindo colivings — essencialmente, um imóvel fatiado em quatro estúdios de 25 metros quadrados, com cozinha e sala compartilhadas — e apartamentos individuais, alugado para apenas um inquilino. Os imóveis hoje têm uma taxa de ocupação perto de 90%.
A meta é quadruplicar o portfólio até meados do ano que vem, chegando a 2 mil.
Para ficar claro: a Yuca não é a dona dos imóveis.
Os apartamentos são adquiridos por um fundo imobiliário (o YUFI11), e a Yuca faz apenas a gestão dos inquilinos, a prospecção dos imóveis e as reformas para adequá-los ao padrão da empresa.
A startup recebe duas remunerações do FII por isso: uma taxa de administração de 0,6% por fazer o papel de ‘consultor imobiliário’ e uma comissão de 10% sobre todos os rendimentos dos aluguéis por fazer a gestão da carteira.
A terceira fonte de receita da empresa é um ‘take rate’ sobre os serviços que são transacionados na plataforma — o pagamento das contas mensais e os serviços de manutenção, por exemplo.
A Yuca vai usar os recursos da rodada basicamente para investir em tecnologia. A empresa está desenvolvendo uma plataforma que vai automatizar boa parte dos serviços que ela faz hoje.
O sistema vai automatizar, por exemplo, a prospecção de novos imóveis, com algoritmos para mapear todos os imóveis à venda numa determinada cidade e filtrar aqueles que têm o perfil da Yuca.
Outro investimento: melhorar o processo de billing.
Os inquilinos da Yuca já pagam as contas (água, luz, internet, serviços e o aluguel) num único boleto, “mas até agora tínhamos funcionários que faziam isso manualmente: ficavam somando as contas e emitindo esse boleto,” Eduardo Campos, o CEO e cofundador, disse ao Brazil Journal. “Vamos automatizar esse processo também para liberar tempo dos nossos funcionários para focar apenas na experiência.”
O FII da Yuca — levantado em outubro passado — tem R$ 40 milhões e já foi totalmente investido. O plano é fazer um follow-on em breve para levantar outros R$ 40-50 milhões e mais tarde listar o fundo na Bolsa.
Depois de começar focando apenas em coliving, a Yuca está se posicionando como uma solução de moradia multiproduto. Hoje, 30% dos imóveis que ela aluga já são apartamentos individuais (de um ou dois quartos), e a ideia é começar também a alugar apartamentos para famílias (de 3 ou 4 dormitórios).
Eduardo diz que o coliving tem um retorno maior, já que o aluguel do apartamento acaba ficando mais alto. “Mas o mercado endereçável dos apartamentos individuais é muito maior. Estamos abrindo mão de rentabilidade para ter um volume maior,” diz ele.
No ano que vem, a Yuca deve começar a fazer também a gestão de prédios inteiros em parceria com incorporadoras ou fundos.