Uns dirão que o negócio da Yuca existe há centenas de anos e nada mais é do que o bom e velho aluguel.
Mas a pegada dessa startup fundada há poucos meses é resolver um problema de moradia que só se agravou recentemente, com o crescimento desordenado das megalópoles.
Com o aluguel custando os olhos da cara, as pessoas são forçadas a morar cada vez mais longe do trabalho e pegar um ou mais ônibus ou metrô abarrotados — quando tudo que elas mais querem é poder dormir mais uma horinha, sem falar no desperdício de tempo que se traduz em produtividade mais baixa.
Para resolver esse drama, a Yuca compra, aluga ou administra apartamentos em áreas nobres da cidade. Em seguida, os subdivide em quatro ou cinco estúdios e aluga para um público tipicamente de 20 a 35 anos.
Por R$ 2.200 a R$ 2.800/mês, o morador da Yuca tem direito a um pacote que inclui aluguel, condomínio, IPTU, as contas de água e luz, internet e serviços como limpeza semanal. (Detalhe: tudo é pago no mesmo boleto).
“Morar em São Paulo está ficando cada vez mais insustentável,” Eduardo Campos, o CEO e co-fundador, disse ao Brazil Journal. “A Yuca é uma resposta a isso e aos novos hábitos dos millennials, que estão demorando mais pra casar, mudando com mais frequência de trabalho e deixando de valorizar a posse do imóvel.”
A Yuca é inspirada na Ziroom, uma startup que faz exatamente a mesma coisa na China e já vale US$ 5 bilhões. Com sete anos de vida, a Ziroom tem um milhão de apartamentos sob gestão e recebeu investimentos da Sequoia, Tencent e Warburg Pincus.
Antes de criar a Yuca, Campos co-fundou a ONEVC, uma gestora de venture capital, e a Parafuzo, um marketplace de serviços domiciliares. Os outros fundadores são Rafael Steinbruch, que já trabalhou na Starwood Capital, investidora de real estate com participação na Log Commercial Properties e no empreendimento Parque Global; e Paulo Bichucher, um ex-analista do Pátria.
Em julho, a Yuca captou R$ 20 milhões a um valuation de R$ 100 mi. A rodada de seed foi liderada pela Monashees e teve participação da Creditas, do ONEVC e de Barry Sternlicht, o fundador da Starwood. Uma próxima rodada (Series A) vai acontecer ainda este ano.
A Yuca está desbravando um mercado ainda novo no Brasil: o modelo de shared living é praticamente inexplorado pelas grandes empresas de real estate e o conceito é desconhecido por boa parte da população — que ainda associa (erroneamente) o modelo com as velhas repúblicas estudantis.
Um imóvel padrão da Yuca tem quatro estúdios de 20 a 25 metros quadrados cada, cozinha e sala compartilhadas, além de uma área de serviço. Segundo os fundadores, o maior investimento vai para as camas (com “colchões iguais aos de hoteis”) e o banheiro (“que tem um puta chuveiro com vazão de 12 litros”).
Hoje, a Yuca opera de três formas: compra apartamentos para reformar e depois alugar os estúdios; faz contratos de aluguel de longo prazo com os donos dos imóveis e depois subloca os espaços; ou faz a gestão para terceiros. Dos três, os mais rentáveis são a compra e a gestão.
“Como compramos os apartamentos em prédios antigos — que em geral não tem academia, piscina nem quadras — conseguimos preços até 40% abaixo do custo de reposição,” diz Steinbruch. “Nosso custo médio de compra é de menos de R$ 6 mil o metro quadrado.”
Em breve, a Yuca também deve começar a operar prédios inteiros por meio de parcerias com incorporadoras ou fazendo o retrofit de imóveis comerciais.
Para financiar as aquisições, a startup acaba de mandatar o Itaú BBA para estruturar um fundo imobiliário que deve levantar pelo menos R$ 100 milhões neste ano. A primeira emissão será restrita a investidores institucionais, mas eventualmente o fundo deve listar na Bolsa.
O custo de aquisição mais a reforma de cada apartamento fica um pouco acima de R$ 1 milhão, segundo Steinbruch.
Hoje, a Yuca tem 21 apartamentos com 80 estúdios. O plano é multiplicar esse número por 20, chegando a 500 apartamentos e 1,5 mil suítes até o fim do ano.
ARQUIVO BJ
Não é trote. A LiveHere aluga para calouros (e tem inadimplência zero)
Small is beautiful (ou o que dá pra pagar). Bem vindo ao ‘co-living’