Três anos depois de deixar a Bolsa americana, a Fogo de Chão está preparando sua volta.
A Fogo Hospitality, controladora da marca Fogo de Chão (“fogo-dee-shoun”, ensina o prospecto) e hoje com sede em Plano, no Texas, prepara um IPO na NYSE.
Os documentos enviados à SEC falam numa oferta de US$ 100 milhões, mas esse é um valor apenas provisório, enquanto o tamanho da operação não está definido. A expectativa é que a oferta saia ainda este ano. O ticker da ação vai ser o mesmo usado anteriormente: FOGO.
Morgan Stanley, BofA, Jefferies, Credit Suisse e Raymond James estão coordenando a oferta.
A Fogo de Chão foi criada no Brasil em 1979 pelo empresário Arri Coser e, 18 anos depois, levou o conceito de churrascaria brasileira aos Estados Unidos. Depois de trocar de mãos diversas vezes, a empresa foi adquirida em 2018 pela gestora Rhône Capital, que pagou US$ 560 milhões (incluindo a dívida) e tirou a companhia da bolsa.
Naquele momento, a Fogo de Chão tinha 38 restaurantes nos Estados Unidos e 9 no Brasil.
Hoje, a rede tem 46 restaurantes nos EUA e 7 no Brasil; e, através de franquias, mais 5 unidades no México e 2 no Oriente Médio.
O Brasil representa hoje apenas 3% do negócio.
Nos EUA, a Fogo de Chão conquistou ‘stomach share’ com o modelo de rodízio tradicional das churrascarias brasileiras: os clientes podem se empanturrar com 16 cortes de carne pelo preço fixo de US$ 54,90 — a módica quantia de R$ 308 no câmbio Bolsonaro.
O plano da Fogo de Chão é crescer a rede para 300 restaurantes só nos Estados Unidos nos próximos 20 anos, além de contar com mais 250 unidades em franquias internacionais.
A empresa também planeja usar os recursos do IPO para pagar parte de sua dívida de US$ 344 milhões.
Depois do baque na pandemia, o Fogo de Chão já voltou a crescer.
No acumulado do ano até 3 de outubro, a receita (US$ 296 milhões) teve alta de 114% em relação ao mesmo período de 2020 e de 18% sobre o mesmo período de 2019.
O lucro de US$ 10 milhões e o EBITDA de US$ 54 milhões se comparam, respectivamente, com US$ 3 milhões e US$ 44 milhões no mesmo intervalo de 2019.
A churrascaria estima que vai crescer 15% ao ano a partir de 2022.
Na pandemia, a Fogo de Chão investiu no delivery, em um serviço de buffet ao ar livre, expandiu o catering e renegociou aluguéis.