A XP Asset está comprando a Augme Capital, dobrando o tamanho de sua plataforma de crédito high yield num momento de alta demanda por este tipo de produto, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.

O anúncio está sendo feito hoje para clientes e funcionários; a transação precisa da aprovação do Banco Central. 

Fundada em 2018 por Marcelo Urbano, um ex-sócio da GPS e da Captalys, a Augme tem hoje cerca de R$ 4 bilhões sob gestão.

Deste total, cerca de R$ 3 bi estão em fundos com estratégia high yield, incluindo um fundo imobiliário listado na Bolsa (o AUGM11). O restante está em FIDCs, uma estratégia recente mas que tem ganhado relevância.

Já a XP tem outros R$ 5 bi em produtos de crédito high yield, mas não tinha até agora um executivo sênior à frente da estratégia, nem uma equipe dedicada. 

“A XP tem uma estratégia forte em crédito high grade. Mas do high grade ela já saltava direto para o special sits. Não tinha um time focado e especializado em high yield, que é algo muito difícil de fazer,” disse uma das fontes. 

Como parte da transação, Urbano e os outros sócios da Augme estão se tornando acionistas da XP. A transação também tem uma parcela em dinheiro e um earnout que será pago ao final de cinco anos, dependendo do atingimento de algumas metas. 

A Augme tinha cerca de 20 funcionários, que também vão ser absorvidos.

A XP já era acionista da Augme desde que ela foi fundada em 2018. Na época, havia adquirido cerca de 33% do capital da gestora. Antes da aquisição de hoje, no entanto, essa fatia havia caído para 15%. 

Com a aquisição, a XP passará a ter uma das maiores plataformas de crédito high yield do mercado, à frente de casas como a Jive, Root, Quatá e JGP. 

Há poucas gestoras fazendo high yield hoje porque “é uma estratégia difícil de escalar. O trabalho de originação é muito complexo, é preciso ter um jurídico interno muito bom para estruturar bem as garantias, e também é preciso fazer um trabalho em cima dos ativos, porque nem sempre as coisas saem como o planejado,” disse outra fonte.

Além disso, “no crédito high grade você participa de uma emissão e já aloca uns R$ 200-R$ 300 milhões. No special sits é muito trabalho, mas quando você acha uma operação e amarra ela bem, você também já consegue alocar um valor alto. No high yield, não. É difícil achar transações muito grandes e quando você acha não dá para fazer porque tem o limite de pulverização do fundo.”

Apesar das dificuldades deste mercado, a visão da XP é que é possível triplicar o tamanho da plataforma de high yield nos próximos anos, chegando a mais de R$ 30 bi em ativos sob gestão. 

Urbano tem 30 anos de experiência no mercado de crédito privado. De 2010 a 2017, ele foi o sócio da GPS responsável pelo portfólio de crédito. Quando saiu, passou mais um ano e dois meses na Captalys antes de fundar a Augme.

Antes, teve passagens pelo Santander, Itaú, Citi e pela gestora BER Capital.