A Eletrobras acaba de anunciar o lançamento de uma oferta para vender boa parte de suas ações da ISA CTEEP, eliminando um overhang que pesava sobre a ação da empresa de transmissão.
A Eletrobras quer vender 60 milhões de ações na oferta-base, o equivalente a R$ 1,6 bilhão no preço de tela, e outras 70 milhões de ações (ou R$ 1,9 bilhão) no hot issue, dependendo da demanda.
“É a primeira vez que temos um hot issue maior que a oferta-base, e eles fizeram isso para mostrar que são bem sensíveis a preço,” disse uma fonte envolvida na operação.
A Eletrobras tem hoje 9,7% das ações ONs da ISA CTEEP e 52,4% das PNs.
As ações da ISA CTEEP caem 5,3% no final da manhã.
A oferta envolve apenas as ações preferenciais e, se o hot issue for exercido, a Eletrobras permaneceria com apenas 20% das ações. A vasta maioria dessas ações, no entanto, não está livre para ser vendida, já que está vinculada a garantias de processos judiciais.
“Mas sobraria apenas R$ 750 milhões, que é algo que poderiam tranquilamente vender no mercado mais para a frente,” disse a fonte.
Para as ações ON, que não tem nenhuma liquidez, o comprador mais óbvio seria o controlador da ISA CTEEP, a ISA, que detém os outros 89,5% dessas ações.
A Eletrobras já havia tentado fazer uma oferta para vender suas ações da ISA CTEEP em outubro passado, mas acabou desistindo logo depois de mandatar os bancos porque constatou que precisaria da aprovação de seus debenturistas para a venda.
Ela conseguiu essa aprovação há 30 dias, o que liberou o lançamento da oferta agora.
O roadshow começou hoje e o pricing está marcado para o dia 18. A expectativa é atrair principalmente fundos long only e hedge funds locais.
Nesse tipo de operação, há sempre um desconto em relação ao preço de tela. Mas a expectativa dos bancos coordenadores é conseguir um desconto bem pequeno, dado a qualidade da empresa, que opera num setor com uma previsibilidade muito grande dos resultados.
A venda das ações faz parte do plano estratégico da Eletrobras desenhado após a privatização. A companhia tem buscado simplificar e otimizar seu portfólio, se desfazendo de participações minoritários e tidas como não estratégicas.
Em setembro, a Eletrobras já havia vendido sua participação na Copel, levantando R$ 125 milhões.