A Whatslly — uma startup israelense que promete aumentar a eficiência das vendas por Whatsapp — acaba de levantar uma rodada de US$ 11 milhões para crescer na América Latina, atacando um nicho em franca expansão que ganhou impulso na pandemia.

11786 c0933ae9 792c fff8 7316 aa5c592135b8A rodada foi liderada pelo Zeev Ventures, um fundo israelense que fez o primeiro cheque para unicórnios como TripAction e dLocal, e teve a participação da Base Partners, a gestora de venture capital brasileira que investiu no Zoom (antes da covid), na Bytedance (a dona do TikTok), no Nubank e na Stripe.

A Whatslly criou um API que permite a empresas integrar seu software de CRM da Salesforce com o Whatsapp de seus vendedores.

Isso permite que a empresa visualize as conversas entre sua força de vendas e os clientes — melhorando o compliance e permitindo uma análise de como cada vendedor está performando.

“Hoje, o gestor não tem visibilidade nenhuma. Há times de vendas de 50, 100 pessoas que a empresa não faz ideia do que eles estão fazendo, se estão usando o melhor approach,” Deborah Wanzo, a cofundadora, disse ao Brazil Journal.

“Com nosso software, as empresas têm total acesso a isso, o que permite começar a criar KPIs — com quantas pessoas cada vendedor está falando? Qual a performance de cada vendedor nas vendas por Whatsapp? Qual a cadência das conversas?”

A solução também melhora a governança e a transparência: se no futuro a empresa precisar resgatar alguma conversa para checar uma informação, ela terá a conversa salva.

Para os vendedores, a Whatslly fornece informações dos usuários que já tem cadastro na Salesforce, munindo-os com dados que podem tornar o atendimento mais personalizado e aumentar a conversão de vendas.

“Eles estão gerando valor em todas as pontas: para o cliente, o agente de vendas, e as empresas,” disse Eduardo Latache, da Base. “O cliente é melhor atendido, o agente de venda fica mais eficiente, e a empresa vê tudo que está acontecendo.”

A Whatslly começou com o Whatsapp e a Salesforce, mas tem planos de se integrar com outros softwares de ERP — Oracle, SAP e Microsoft Dynamics — bem como com apps de trocas de mensagem como o Telegram e o WeChat.

11785 7412fa72 0fde 2066 c66b 4254e0e30cb0Mas só no formato atual, o mercado endereçável já é gigantesco.

De um lado, são mais de 2 bilhões de usuários no Whatsapp; do outro, 250 mil empresas usando o software da Salesforce, somando mais de 5 milhões de agentes de vendas.

“Só olhando esse mercado, já existe um potencial de receita acima de US$ 1 bi,” diz Eduardo.

A Whatslly opera como um SaaS: o cliente paga uma assinatura anual que varia de acordo com o número de vendedores integrados à plataforma.

Essa força — operar junto com uma gigante global — é também um dos riscos da Whatslly. Como a startup construiu toda sua solução em cima de softwares de terceiros, há sempre a questão: e se a Salesforce decidir criar uma solução própria um dia?

Naturalmente, a Whatslly considera essa chance remota, “porque esse modelo (de operar com um marketplace de apps e se posicionar como plataforma) faz parte da raiz do negócio da Salesforce,” disse Deborah.

Para Eduardo, “a Salesforce não tem histórico nem interesse em fazer isso, e muitas empresas que hoje são gigantes cresceram em cima da plataforma da Salesforce e de outras empresas.”

O plano com a rodada é crescer com foco na América Latina. A Whatslly já atende 70 clientes, incluindo empresas como a XP, Hotmart e Vivo, além da Volkswagen na Argentina e da Edenred (a dona do Ticket) no México.

A meta é triplicar o número de clientes ao longo do próximo ano.

A Whatslly foi criada pelo Israelense Yanir Calisar, que trabalhou mais de 10 anos com automação de marketing, a maior parte na Marketo (vendida recentemente para o Adobe).

Yanir desenvolveu todo o aplicativo do zero (e sozinho) e colocou a solução no ar no final de 2019. Deborah — que é brasileira e trabalhou em empresas como a Mary Kay e a 3M — entrou como co-founder alguns meses depois da fundação, quando foi procurada por Yanir pelo Linkedin para liderar a expansão na América Latina.

Os dois só se conheceram pessoalmente há duas semanas, quando Yanir veio ao Brasil.