LISBOA — Lollapalooza e Rock in Rio são coisa da sua avó.
Num painel aqui na Web Summit, a cantora sueca Zara Larssons contou que um de seus shows atraiu milhões de pessoas — segundo ela, “um grande sucesso.”
Só que…. o espetáculo não aconteceu na vida real, e sim no metaverso da Roblox, a plataforma de jogos para crianças e adolescentes.
O metaverso é uma espécie de réplica digital do mundo real, onde as pessoas interagem por meio de avatares. (O termo ganhou notoriedade recentemente depois que o Facebook resolveu adotá-lo como o novo nome da empresa).
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A invenção deste universo alternativo terá implicações dramáticas para toda a indústria de eventos e concertos.
Zara foi a primeira artista de renome a se apresentar na Roblox, mas a tendência é que fazer concertos e conhecer fãs no mundo digital “se transformará em pouco tempo no futuro da música,” garante a estrela pop de 23 anos.
“Antigamente tínhamos que sair em turnê, ir de cidade em cidade, depois ir às rádios, tudo para promover o nosso trabalho,” disse ela. “Agora fazemos a mesma coisa, sem sair da nossa sala.”
Nossa, que mundo chato…
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Jon Vlassopulos, o head de música da Roblox, disse que o modelo permite democratizar os shows, que hoje são “algo de elite”, além de apagar as barreiras geográficas.
A Roblox, obviamente, também quer faturar.
Ao levar os shows para o metaverso, ela pode vender ingressos para o concerto digital, roupas dos artistas para os avatares, e ainda cobrar por um encontro digital com eles, “algo que os fãs nunca conseguiriam fazer de outra forma,” disse o executivo.
“No metaverso, você consegue criar uma conexão até mais forte entre fã e artista.”
Sei.
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Qual o futuro do mercado financeiro tradicional?
Para Yoni Assia, é ser “engolido” pelo mundo cripto e do blockchain.
“É só uma questão de tempo,” disse o cofundador e CEO da plataforma de trading eToro.
“O mercado financeiro tradicional é apenas 9 horas por dia, cinco dias por semana. O mundo cripto, blockchain, é 24 horas por dia, 7 dias por semana. O mercado tradicional é uma indústria hiperlocal, com linguagem local, moeda local, pessoas locais. Enquanto isso, o blockchain e o mundo cripto são globais.
Vamos ver essa transição… Na minha visão, estamos olhando para um market cap total de US$ 2,5 trilhões, que já parece grande, mas que em dez anos vai subir para mais de US$ 200 trilhões.
Porque vamos ver gradualmente o DeFi [decentralized finance] e o blockchain engolindo cada pedaço das finanças tradicionais e fazendo tudo muito melhor. E isso vai além das finanças: vai para a arte, para todos os ativos… nesse processo, gradualmente, o que chamamos hoje de ‘finanças tradicionais’ vai desaparecer.”
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Uma das atrações que mais chamou atenção no Web Summit foi um simpático robô que anda, dança e manda beijos para quem passa perto.
O CRUZR foi criado pela Ubtech, uma empresa global de inteligência artificial e robótica.
O robozinho é multitask: pode ser usado como guia de museu, recepcionista, em eventos ou até substituindo o vendedor de uma loja. Também é poliglota; o atendimento pode ser feito em praticamente todos os idiomas.
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Um evento que atraiu um exército de ‘geeks’ foi o Q&A com o campeão de xadrez Garry Kasparov, que começou com 10 partidas simultâneas entre ele e membros da plateia.
Para dar um contorno pop à palestra e surfar o sucesso da série da Netflix, o Web Summit chamou o painel de “O Gambito do Rei”.
O resultado das partidas eu nem preciso falar…