A Vulcabrás fechou o quarto trimestre de 2023 da mesma maneira que o restante do ano: superando o consenso.
A receita líquida da dona das marcas Olympikus, Under Armour e Mizuno avançou 7,1% para R$ 791 milhões de outubro a dezembro – um valor recorde e o 14º trimestre consecutivo de crescimento.
O consenso Bloomberg era de R$ 784 milhões.
No ano, o faturamento foi de R$ 2,82 bilhões, um crescimento de 11%.
O EBITDA veio em R$ 177,7 milhões, alta de 22,8% na comparação anual – e R$ 6 milhões a mais do que o consenso. Nos doze meses de 2023, o crescimento foi de 31,2% para R$ 639 milhões.
O lucro trimestral cresceu 18,5% para R$ 144 milhões, enquanto o mercado esperava R$ 135 milhões. No ano, avançou 31,8%, para R$ 488 milhões.
O CEO Pedro Bartelle disse ao Brazil Journal que o mercado deve se acostumar com esse novo patamar de margens, mas admite que saltos desta magnitude ficam mais difíceis a partir de agora.
“Nós consideramos esse patamar como muito bom. Existe espaço para aumentar? Sim, mas o mercado como um todo precisa melhorar,” disse Bartelle.
Segundo ele, a indústria ainda vem realizando promoções para diminuir os estoques, e a expectativa é que esses descontos sejam reduzidos ao longo do ano.
“Mas não faço orçamentos com essa expectativa: se houver melhora, nós temos espaço para aumentar as margens,” disse.
Bartelle disse que 2024 começou mais difícil que o ano passado, mas que a Vulcabrás está com resultados em linha com o planejado.
O que está na mão da empresa, disse o CEO, é encontrar novas fontes de receita, e uma das principais apostas é a incursão no varejo físico.
A ideia da Vulcabrás é iniciar um projeto de lojas próprias começando pela Under Armour – mais forte em venda de roupas esportivas do que em calçados. Atualmente, a companhia tem 10 lojas próprias, todas de outlet.
Segundo Bartelle, o varejo para calçados está bem servido, mas o mesmo não acontece com vestuário esportivo — por isso, a incursão começará pelas lojas da Under Armour. O plano é abrir cinco lojas antes de definir o modelo que irá ser franqueado.
“Ainda não temos nada assinado com shoppings e estamos em busca de uma pessoa para liderar essa operação de varejo,” disse o executivo. “Mas a ideia é iniciar o projeto esse ano, então não estamos apenas ‘engatinhando’.”
Com isso, a Vulcabras quer ampliar o seu canal direto para aumentar a margem, assim como foi feito no ecommerce: no quarto tri, as vendas online cresceram 104% para R$ 280 milhões. O digital já foi quase 10% da receita total de 2023.
“Alguns investidores ficam preocupados porque não somos especialistas em varejo, mas também não éramos de ecommerce e olha os resultados que estamos dando,” disse.
A empresa também quer ampliar a oferta de produtos para o atleta de alta performance – e vem fazendo esse esforço com a próprio Olympikus, que sempre foi conhecida como uma marca de entrada.
Neste ano, a Vulcabras lançou o Olympikus Corre Supra, um tênis com placa de carbono revestido de grafeno e solado feito com o mesmo material de pneus Michelin, ao custo de R$ 1,2 mil.
A Vulcabras quer competir com outros “supertênis” de marcas como Asics, Adidas e Nike, mas que estão na faixa de R$ 2 mil a R$ 2,5 mil. Um problema é que se trata de uma faixa em que a Mizuno, da própria Vulcabrás, é forte.
“A competição entre as marcas é muito grande, então é melhor competir entre nos do que deixar um concorrente pegar esse espaço,” disse Bartelle.
Hoje 15% das vendas da Olympikus já vêm de produtos de alta performance.
A empresa também está de olho em novas marcas para comprar e Bartelle diz que algum negócio pode acontecer em 2024. Segundo ele, a Vulcabras estuda quatro oportunidades de M&A – mas o plano é adquirir apenas uma dessas marcas.
A Vulcabrás também anunciou que vai pagar R$ 204 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,75 por ação.