A Vulcabrás — dona das marcas Azaleia e Olympikus — pretende levantar até R$ 800 milhões numa operação que deve marcar uma nova estreia da companhia na Bolsa.
A companhia mandatou o Credit Suisse e o Bradesco para estruturar a oferta, que levantará caixa para a empresa e permitirá aos atuais acionistas vender parte de suas ações.
Hoje, a Vulcabrás é controlada quase integralmente pela família Grendene e negocia apenas cerca de 90.000 ações por dia na Bolsa, um giro de menos de R$ 1 milhão. Essa liquidez pífia impede que gestores profissionais montem posição no papel.
Apenas 1,79% das ações está em circulação no mercado desde 2012, quando os controladores precisaram fazer um aporte de R$ 350 milhões para salvar a empresa da falência.
O ‘re-IPO’, como esse tipo de oferta é frequentemente chamado, fará com que bancos e corretoras voltem a cobrir o papel, o que também tende a aumentar a liquidez.
Desde o mês passado, a ação começou a subir forte, com um volume maior que a média. O papel pulou de R$ 5,50 no início de julho para cerca de R$ 10 agora — mas como a liquidez é irrelevante, estes preços significam muito pouco.
Controlada por Pedro Grendene, a Vulcabrás hoje vale R$ 1,8 bilhão na Bolsa; a Grendene — controlada pelo irmão gêmeo de Pedro, Alexandre — vale cerca de R$ 8 bilhões, e é dona das marcas Ipanema e Melissa.
No fim de junho, Alexandre renunciou ao seu assento no conselho de administração da Vulcabrás, num movimento para reduzir temores de conflito de interesse por conta da participação cruzada na concorrente.
A Vulcabrás vai tentar voltar à Bolsa depois de um dos mais brutais processos de reestruturação do Brasil. Desde 2011, fechou 25 das suas 29 fábricas e demitiu quase 25 mil funcionários – hoje, são apenas 13 mil.
Fundada em 1952, a companhia teve seu auge nas décadas de 1970 e 1980, com os sapatos masculinos 752, que se tornaram célebres com garotos-propaganda pouco tradicionais, como Paulo Maluf e Leonel Brizola.
Com DNA mais de indústria que de varejo, boa parte da receita vinha da produção de calçados para marcas de terceiros.
Com a abertura da economia, a empresa perdeu o passo e passou a enfrentar a concorrência dos importados. Rivais nacionais, como Alpargatas e Arezzo, focaram na distribuição própria por meio de franquias e apostaram no conteúdo de moda. A Vulcabrás, sem posicionamento claro de marketing e dependente das lojas multimarcas, ficou para trás.
Em 2007, a companhia comprou a Azaleia, de sapatos femininos, dona também da marca Olympikus. A companhia investiu pesado na tecnologia dos tênis, mas não conseguiu competir com as marcas estrangeiras: sem modernização, seu extenso parque fabril tinha baixa produtividade. Resultado: as vendas e a rentabilidade caíram e a dívida, na casa de R$ 1 bilhão, ficou impagável.
Em 2011, a Vulcabrás fez a primeira tentativa de re-IPO, mas com seu balanço alavancado, não conseguiu levar a oferta à frente. Algum tempo depois, chegou a fechar um memorando de entendimentos com o Pátria para um aporte, mas a gestora de private equity desistiu antes de fechar o contrato.
A empresa só sobreviveu graças ao aporte dos controladores e ao corte de custos, tarefa entregue ao consultor Cláudio Galeazzi.
No processo, ficou mais leve: agora tem apenas três fábricas e uma dívida líquida de cerca de R$ 400 milhões, equivalente a 2,5 vezes o Ebitda. A estratégia foi reformulada: os tênis da Olympikus hoje são vendidos a uma faixa de preço menor que a dos concorrentes importados.
A Azaleia, que tinha ficado escanteada, agora ganhou um centro de desenvolvimento próprio: o da Olympikus fica em Jundiaí (SP); o da Azaleia, em Parobé (RS).
No ano passado, a Vulcabrás voltou a dar lucro após cinco anos no vermelho. Mas as despesas financeiras ainda pesam: consumiram R$ 82 milhões em 2016, o equivalente a 7% do faturamento líquido.
A companhia mandatou o Credit Suisse e o Bradesco para estruturar a oferta, que levantará caixa para a empresa e permitirá aos atuais acionistas vender parte de suas ações.
Hoje, a Vulcabrás é controlada quase integralmente pela família Grendene e negocia apenas cerca de 90.000 ações por dia na Bolsa, um giro de menos de R$ 1 milhão. Essa liquidez pífia impede que gestores profissionais montem posição no papel.
Apenas 1,79% das ações está em circulação no mercado desde 2012, quando os controladores precisaram fazer um aporte de R$ 350 milhões para salvar a empresa da falência.
O ‘re-IPO’, como esse tipo de oferta é frequentemente chamado, fará com que bancos e corretoras voltem a cobrir o papel, o que também tende a aumentar a liquidez.
Desde o mês passado, a ação começou a subir forte, com um volume maior que a média. O papel pulou de R$ 5,50 no início de julho para cerca de R$ 10 agora — mas como a liquidez é irrelevante, estes preços significam muito pouco.
Controlada por Pedro Grendene, a Vulcabrás hoje vale R$ 1,8 bilhão na Bolsa; a Grendene — controlada pelo irmão gêmeo de Pedro, Alexandre — vale cerca de R$ 8 bilhões, e é dona das marcas Ipanema e Melissa.
No fim de junho, Alexandre renunciou ao seu assento no conselho de administração da Vulcabrás, num movimento para reduzir temores de conflito de interesse por conta da participação cruzada na concorrente.
A Vulcabrás vai tentar voltar à Bolsa depois de um dos mais brutais processos de reestruturação do Brasil. Desde 2011, fechou 25 das suas 29 fábricas e demitiu quase 25 mil funcionários – hoje, são apenas 13 mil.
Fundada em 1952, a companhia teve seu auge nas décadas de 1970 e 1980, com os sapatos masculinos 752, que se tornaram célebres com garotos-propaganda pouco tradicionais, como Paulo Maluf e Leonel Brizola.
Com DNA mais de indústria que de varejo, boa parte da receita vinha da produção de calçados para marcas de terceiros.
Com a abertura da economia, a empresa perdeu o passo e passou a enfrentar a concorrência dos importados. Rivais nacionais, como Alpargatas e Arezzo, focaram na distribuição própria por meio de franquias e apostaram no conteúdo de moda. A Vulcabrás, sem posicionamento claro de marketing e dependente das lojas multimarcas, ficou para trás.
Em 2007, a companhia comprou a Azaleia, de sapatos femininos, dona também da marca Olympikus. A companhia investiu pesado na tecnologia dos tênis, mas não conseguiu competir com as marcas estrangeiras: sem modernização, seu extenso parque fabril tinha baixa produtividade. Resultado: as vendas e a rentabilidade caíram e a dívida, na casa de R$ 1 bilhão, ficou impagável.
Em 2011, a Vulcabrás fez a primeira tentativa de re-IPO, mas com seu balanço alavancado, não conseguiu levar a oferta à frente. Algum tempo depois, chegou a fechar um memorando de entendimentos com o Pátria para um aporte, mas a gestora de private equity desistiu antes de fechar o contrato.
A empresa só sobreviveu graças ao aporte dos controladores e ao corte de custos, tarefa entregue ao consultor Cláudio Galeazzi.
No processo, ficou mais leve: agora tem apenas três fábricas e uma dívida líquida de cerca de R$ 400 milhões, equivalente a 2,5 vezes o Ebitda. A estratégia foi reformulada: os tênis da Olympikus hoje são vendidos a uma faixa de preço menor que a dos concorrentes importados.
A Azaleia, que tinha ficado escanteada, agora ganhou um centro de desenvolvimento próprio: o da Olympikus fica em Jundiaí (SP); o da Azaleia, em Parobé (RS).
No ano passado, a Vulcabrás voltou a dar lucro após cinco anos no vermelho. Mas as despesas financeiras ainda pesam: consumiram R$ 82 milhões em 2016, o equivalente a 7% do faturamento líquido.