A Vulcabras bateu (mais uma vez) o consenso do mercado, que já era construtivo, com resultados recordes no terceiro trimestre. Trata-se do 13º balanço com crescimento acima de dois dígitos.
A receita líquida da companhia, dona das marcas Olympikus, Under Armour e Mizuno, subiu 10,2% na comparação anual e chegou a R$ 731,4 milhões. O mercado esperava R$ 721 milhões.
A margem bruta, que também alcançou o maior patamar da história, cresceu 5,2 pontos percentuais para 42,9% (1,2 p.p. acima do consenso). A margem EBITDA foi de 24,2%, 4,4 pontos acima do registrado no ano passado.
“Esse é o novo patamar da Vulcabras,” Pedro Bartelle disse ao Brazil Journal. “O nosso crescimento continuou pujante, mas já começamos a ver uma estabilização nas margens nas vendas deste último trimestre.”
A única linha que veio um pouco abaixo das estimativas foi o lucro líquido, que cresceu 30% para R$ 127,6 milhões – o consenso apontava para R$ 129 milhões. Bartelle explica que a evolução dos lucros fez a empresa pagar mais imposto de renda neste tri.
Mas enquanto o faturamento dos calçados cresceu 14,3%, o segmento de vestuário patinou no terceiro tri ao cair 8,5%.
Bartelle afirma que isso aconteceu porque os principais clientes estão com dificuldades com o comércio desaquecido.
Mas o executivo acredita que não é apenas o mau momento do varejo que pesa na venda dos vestuários. Para ele, há uma tradição das varejistas brasileiras de se especializarem em apenas um produto: lojas de calçados vendem apenas calçados e esquecem o restante.
Por isso, está tomando cada vez mais forma o projeto de expansão da Vulcabras no varejo físico. Bartelle afirma que já está procurando pessoas para tocar o negócio. Atualmente, a empresa conta com nove lojas, mas praticamente todas instaladas perto de suas fábricas.
A ideia é começar a expansão em 2024 com uma loja da Under Armour. Segundo Bartelle, a marca americana tem uma tradição de vender mais roupas do que calçados em seus pontos de venda: 80% vem do vestuário e 20% dos tênis. A média das outras marcas é de 70% a 30% – só que com os calçados tendo o maior protagonismo.
“A Under Armour nos Estados Unidos tem um prestígio muito maior e queremos valorizá-la mais por aqui,” disse Bartelle.
A incursão no varejo físico está muito relacionada ao sucesso que a empresa vem tendo com a operação própria
no e-commerce.
A Vulcabras praticamente dobrou as suas vendas online no trimestre (99%) e a participação do canal no faturamento já é de 10,5% – 4,7 pontos acima do mesmo período do ano passado.
Bartelle vê espaço para crescimento, mas não acredita que a empresa conseguirá manter o ritmo de dobrar a operação a cada ano.
“E nem é a nossa meta. O nosso e-commerce é lucrativo e vamos crescer sem pressa e sem buscar CPFs a qualquer custo,” disse ele. “Temos uma boa rentabilidade.”
A Vulcabras também está de olho em aumentar o seu portfólio de marcas. Na visão de Bartelle, ainda há oportunidades no segmento esportivo, especialmente com marcas internacionais. Para o executivo, a Olympikus já basta como marca nacional.
A marca brasileira, inclusive, entrou no segmento de tênis de alta performance neste trimestre, área em que as margens são mais gordas.
A Vulcabras também tem explorado outros mercados com a Mizuno, principalmente. A empresa estreou a marca japonesa nos tênis com preços de R$ 500 a R$ 1 mil e se prepara para lançar chuteiras, um mercado que a Mizuno abandonou no Brasil há anos.
As ações da Vulcabras sobem 25% nos últimos 12 meses. A empresa vale R$ 4,4 bilhões na B3.