A Vivara reportou um trimestre recorde, com ganhos de share e margem, fechando um 2020 em que a pandemia obrigou o varejo a repensar produto, preço e canal. 

11364 f6271444 5033 9947 dd33 9e91f2d51f64Enquanto o setor de joalherias encolheu 3,5% no último trimestre do ano, a Vivara cresceu suas vendas 14,4% para quase R$ 600 milhões. 

As vendas no conceito ‘mesmas lojas’ subiram 11,3%, mostrando uma reaceleração depois de dois trimestres difíceis em que a companhia perdeu vendas e rentabilidade com parte de suas lojas fechadas. 

No quarto tri — sazonalmente o melhor graças ao Natal e à Black Friday — a margem EBITDA cresceu 0,6 ponto percentual para 29,8%. No consolidado do ano, a margem ainda caiu 2,6 pontos para 20,7%. 

O CEO Paulo Kruglensky disse que o primeiro trimestre começou no mesmo ritmo forte do quarto, mas a companhia já começou a sofrer com o impacto das novas restrições ao comércio, principalmente em São Paulo e no Rio, onde tem algumas de suas lojas mais produtivas. 

“A parte boa é que o online já está bem preparado para absorver parte dessa venda que sai do offline. Mas não são todas,” ele disse ao Brazil Journal. 

No final do ano, o canal online já era 18% do total das vendas, com 45% disso vindo do ‘Jóias em Ação’, a plataforma de ‘social selling’ criada durante a pandemia pela qual 1,6 mil das 2 mil vendedoras da Vivara vendem por Whatsapp.  As vendas no ecommerce cresceram 192% no ano.

Apesar dos lockdowns, o CFO Otavio Lyra disse que a Vivara mantém seu plano de abrir entre 40 e 50 novas lojas em 2021, com parte delas dedicadas à Life, que nasceu como uma coleção de jóias de prata em 2011 e hoje responde por mais de 30% das vendas da companhia. A Life já tem 11 lojas e pretende abrir uma loja 2.0 — retrofitada, com novo mix e comunicação visual — no mês que vem.

A Vivara também conseguiu gerir bem seus custos num ano em que o preço do ouro disparou. O metal, que representa 35% do custo das mercadorias vendidas pela empresa, era cotado a R$ 155 o grama em janeiro de 2019, bateu R$ 370 em novembro, e fechou o ano na faixa de R$ 310. 

Para absorver esse aumento, a Vivara repassou parte dos custos e trabalhou a precificação das novas coleções para se adequar à nova realidade. 

A empresa faz vários lançamentos ao longo do ano, mas os principais são as coleções de Natal, Dia das Mães e Dia dos Namorados. 

“O aumento do preço do ouro demora dez meses para bater no nosso custo, então conseguimos ir precificando os itens aos poucos e mais lentamente que o mercado. A chave é ir trabalhando produto e mix,” disse Otavio.

Apesar da pressão de custos, a margem bruta da empresa subiu 0,4 ponto para 68,5% no ano. 

A Vivara negocia a 23 vezes seu lucro estimado para este ano e vale R$ 5,6 bi na B3.