Em sua estreia em leilões de rodovias no Brasil, a gigante francesa de infraestrutura Vinci Highways arrematou a concessão da BR-040 (conhecida como a Rota dos Cristais) por 30 anos.
Oferecendo um deságio de 14,32% sobre a tarifa mínima do pedágio, a proposta dos franceses ficou bem à frente da concorrência: Opportunity, BTG e CCR ofereceram deságios de 9%, 7,5% e 1,75%, respectivamente.
Agora, a Vinci (pronuncia-se “vanci”), que detém mais de 100 concessões em 24 países, irá administrar cerca de 600 km de rodovia entre a cidade goiana de Cristalina e a capital mineira.
Este trecho fazia parte de uma concessão de 937 km operada pela Invepar, que tem vendido ativos nos últimos anos para lidar com sua alavancagem.
Para analistas, a entrada da Vinci é um sinal de que o ambiente regulatório melhorou. O próprio diretor-executivo da Vinci Highways na América Latina, Laurent Cavrois, disse após o leilão que a presença da Vinci no Brasil parecia “algo desafiador” no passado.
A Vinci deve investir cerca de R$ 6,6 bilhões na BR-040, em melhorias como a construção de 343 km de faixas adicionais e a duplicação de outros 10 km.
Apesar deste ter sido o primeiro leilão rodoviário vencido pela Vinci, a empresa comprou no ano passado 55% da Entrevias, que possui quase 600 km de rodovias no interior de São Paulo. Os 45% restantes seguem na mão do Pátria.
Além disso, a Vinci – por meio do seu braço Vinci Airports – é responsável pela gestão de oito aeroportos no Brasil.
Para os analistas do BTG que cobrem o setor, o leilão demonstra que a Vinci quer ser um grande player local em rodovias; a empresa opera esse tipo de concessão em 14 países.
Alguns concorrentes têm a mesma visão.
“É um player grande, que conhece o setor e vai ser um grande ator,” disse um gestor que atua no setor. “Mas a impressão que dá é que eles preferem ativos mais maduros e com menos capex para desenvolver.”
Esse apetite será testado nos próximos leilões. O ministro dos Transportes, Renan Filho, estima que o Governo fará mais cinco concessões de rodovias até o fim do ano e outros seis no primeiro semestre de 2025.