VENDE-SE:  Prédio Art Déco, 77 andares, ótima vizinhança no East Side, esquina da rua 42 com a Lexington, New York, NY.

Construção antiga (quase 90) – símbolo da pujança americana dos anos 20, e brevemente o edifício mais alto do mundo – busca um novo dono.

Os atuais proprietários – Mubadala e Tishman Speyer – querem reciclar o capital.

Tratar com a corretora CBRE.

Desenhado pelo arquiteto William Van Alen e construído pelo empresário Walter Chrysler para simbolizar a riqueza e o sucesso de sua fabricante de automóveis, o Chrysler tem ornamentos inspirados em… calotas e tampas de radiador (note to self: quem se inspira numa calota, aquela coisa que protege a roda? Só mesmo um tycoon automobilístico.)

Na base da cúpula do edifício, no 61º andar, águias saídas do capô dos automóveis ornam as beiradas como gárgulas medievais.

Originalmente o headquarters da montadora, foi passado adiante pelos herdeiros de Mr. Chrysler nos anos 50. Desde então, trocou de mão oito vezes, mas manteve-se como um ícone da arquitetura novaiorquina, adorado por turistas e cineastas que filmam na cidade.

Reforma necessária: o novo comprador terá que repaginar o nonagenário, já que os inquilinos de hoje — que não viram a Grande Depressão, a Grande Guerra e o Pouso na Lua, como ele — agora exigem seus wifis superpotentes, bicicletários e outras amenidades.

Um prédio da vizinhança, um tal Empire State, passou por uma modernização de US$ 550 milhões que incluiu novos elevadores, academia, restaurante e um novo sistema de internet. Isso foi em 2006.

O preço é de ocasião. A fofoca no mercado (via WSJ) é que dificilmente o fundo de Abu Dhabi conseguirá recuperar os US$ 800 milhões que pagou em 2008 por 90% do prédio, pouco antes da crise que, ironicamente, quase acabou com a própria Chrysler.

Construído entre 1928 e 1930, o Chrysler subiu a um ritmo frenético de 4 andares por semana, em meio a uma corrida pelo status de prédio mais alto do mundo. Foi o primeiro a ultrapassar 1000 pés.

Estava prestes a ser superado pelo 40 Wall Street, a sede do Bank of Manhattan Trust, que ficou pronto na mesma época com apenas dois pés a mais que o projeto original do Chrysler. Mas Van Alen e Chrysler tinham uma carta na mão: em segredo, conseguiram aprovação da prefeitura para acrescentar um mastro de aço de 175 pés no topo da cúpula.

Em maio de 1930, quando foi inaugurado, era não apenas o prédio, mas também a edificação mais alta do mundo, superando a Torre Eiffel em Paris.

Mas a glória durou pouco: em 11 meses, a pouco mais de um quilômetro dali, ficava pronto o tal do Empire State, que com seus 102 andares conquistou o título de mais alto do mundo, sustentado ao longo de quatro décadas. (Em 1971, vieram as Torres Gêmeas.)

Diferentemente do Empire State, que é um tanto mais famoso mas tem um passado turbulento – com um histórico de suicídios durante e depois da sua construção – o Chrysler só é de morrer de admiração.

Nenhum pedreiro perdeu a vida durante a construção. Nem se tem notícia de casos de suicídio.