O Presidente Jair Bolsonaro está em conversas com o ex-presidente Michel Temer para assumir o Itamaraty — uma aproximação estratégica que ajudaria a atrair o apoio do MDB ao mesmo tempo em que fortaleceria as relações do governo com o presidente-eleito dos EUA, Joe Biden, e com a China.
A notícia, publicada pela revista VEJA, deve ser bem recebida pelo mercado financeiro na medida em que aumenta o componente de racionalidade do Executivo. Foi no breve governo Temer que, apesar de toda volatilidade política pós-impeachment, o Brasil aprovou a reforma trabalhista e encaminhou a reforma previdenciária.
Segundo a revista, Flávio Rocha — o secretário de assuntos estratégicos da presidência e braço direito de Bolsonaro — teria feito o convite informal a Temer numa conversa recente com o ex-presidente.
A entrada de Temer em campo teria o bônus extra de tirar do cargo Ernesto Araújo — cuja performance tem assustado o agronegócio e reduzido a relevância global da diplomacia brasileira — desidratando ainda mais a ‘ala ideológica’ do Governo.
VEJA diz ainda que o governo estuda outras opções para Temer, como entregar-lhe uma embaixada em Portugal ou nos Estados Unidos.
Na visão do Planalto, a entrada de Temer no governo ajudaria ainda na criação de uma base forte no Congresso, um movimento essencial para ajudar na estabilidade e na reeleição de Bolsonaro em 2022.
Segundo VEJA, interlocutores de Temer disseram que ele não recebeu a sondagem como um convite real, mas que ele se sentiria “estimulado” a ajudar o País neste momento de crise.
A aproximação com Temer vem num momento delicado para o governo.
Na semana passada, a revista Época disse que o governo usou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para ajudar Flávio Bolsonaro a se defender nas investigações no caso das “rachadinhas” — uma acusação de uso da máquina pública em benefício pessoal que, se comprovada, pode ser um prato cheio para um pedido de impeachment.