A Educbank — uma startup que ajuda escolas do ensino básico a receber a mensalidade em dia — acaba de levantar R$ 200 milhões numa rodada liderada pela Vasta, a empresa de sistemas de ensino controlada pela Cogna.

A Série A foi acompanhada pela Marrakech Capital, uma gestora de investimentos alternativos brasileira que já havia aportado seed money na Educbank. 

Danilo CostaAlém do capital, que vai bancar uma expansão agressiva da startup, a rodada dá à Educbank acesso a um dos canais de distribuição mais robustos do setor de educação básica.

A Vasta atende mais de 4.000 escolas com seus sistemas de ensino, que juntas movimentam R$ 15 bilhões por ano em mensalidades — cerca de 10% de todo o mercado de educação básica brasileiro.

“A Vasta é o grupo que mais entende de educação básica no Brasil e pode ajudar muito a gente a acessar mais escolas e a crescer,” o fundador Danilo Costa disse ao Brazil Journal.

Fundada há pouco mais de um ano, a Educbank está tentando resolver um problema que afeta praticamente todas as escolas privadas: o atraso dos pais na hora de pagar a mensalidade.

A legislação atual proíbe as escolas de pararem de prestar o serviço no ano letivo, mesmo quando os pais ficam inadimplentes (ela só pode cortar a relação na hora da rematrícula). Isso faz com que muitas famílias acabem atrasando a mensalidade e deixando para quitar todas as dívidas apenas na hora de fazer a rematrícula do filho para o ano seguinte. 

“As famílias enxergam a escola como uma linha de crédito pré-aprovada, sem garantia real, sem juros e com um ano de carência pra pagar,” disse o fundador, que antes do Educbank havia fundado a Vereda, uma rede de escolas de ensino básica focada na baixa renda. 

(Danilo saiu da Vereda em janeiro de 2020 depois de desentendimentos com seus investidores em relação à gestão da empresa.) 

Para as escolas, essa situação gera um buraco no fluxo de caixa, afetando a capacidade de investimentos e drenando a energia dos mantenedores — que precisam se preocupar em ficar cobrando os pais em vez de focar apenas no ensino.

A solução da Educbank permite que as escolas recebam 100% da mensalidade em dia em troca de um take rate em cima de todas as mensalidades. 

Conforme os pais forem pagando as dívidas, a Educbank fica com esses recursos para ela. Mas, caso na rematrícula os pais não paguem, é a startup que arca com a perda. O take rate varia de acordo com o nível de inadimplência de cada escola e o risco de calote — que é calculado usando indicadores educacionais, como por exemplo o turnover voluntário dos professores. 

“Quando você olha para o risco de uma escola, esse é um dos principais, porque é isso que vai afetar a qualidade do ensino e fazer os pais decidirem fazer ou não a rematrícula,” disse o fundador. 

Segundo ele, o modelo da Educbank é um ganha-ganha. 

“Imagina que uma escola tem uma inadimplência média mensal de 10% ao longo do ano letivo. Vamos cobrar 5% de take rate dela, reduzindo pela metade as perdas dela. No final do ano, na hora da rematrícula, esses 10% viram 2%, 1%, mas o custo de carregar essa inadimplência é muito grande pras escolas,” disse o fundador. 

“O pesadelo da escola virou o nosso negócio, já que temos escala e acesso a capital para esperar.”

Bank of America assessorou a Educbank.