A VanEck — a gestora americana focada em ETFs com mais de US$ 90 bilhões em ativos — está comprando o controle da Investo, que tem R$ 1 bi sob gestão em fundos passivos no Brasil.
A transação é uma aposta da americana no potencial do mercado brasileiro de ETFs, que ainda é uma fração dos mercados americano e europeu.
Enquanto nos Estados Unidos 30% de todos os investimentos já estão em ETFs, no Brasil essa fatia não chega a 0,5%. Na Europa, a penetração também já é alta, de cerca de 15%.
A VanEck acaba de fazer um investimento primário de R$ 75 milhões na Investo, além de uma transação secundária de valor não revelado que deu saída parcial aos dois fundadores — Cauê Mançanares e Luiz Júnior — e a alguns investidores pessoa física.
A gestora americana já era acionista da brasileira: em 2022, ela havia feito um aporte primário de R$ 40 milhões na gestora, tornando-se um minoritário da startup.
A transação de hoje também inclui uma estrutura de calls e puts que tem uma série de gatilhos e permite à VanEck ficar dona de 100% do negócio ao longo dos próximos 10 anos.
“Deixamos de ser uma startup que está buscando seu lugar ao sol no mercado – e com a pressão de ter que bater métricas para levantar a próxima rodada – e passamos a fazer parte de um grupo muito sólido,” Mançanares, o CEO e cofundador, disse ao Brazil Journal.
Os dois fundadores vão continuar tocando a operação e manterão uma participação minoritária relevante no negócio.
O plano é lançar mais seis ETFs este ano, além de dois FIAs que investem apenas por meio de ETFs – e com isso chegar a R$ 1,5 bilhão de AUM no final do ano.
Hoje, a Investo já tem 18 ETFs listados na Bolsa, além de um FIA. Em AUM, os principais fundos da casa são o LFTS11, que tem R$ 540 milhões e investe apenas em LFTs; e o WRLD11, que tem R$ 170 milhões sob gestão e replica o índice FTSE Global All Cap, da Bolsa de Londres.
Esse índice — composto por mais de 9 mil empresas de praticamente todos países do mundo — é o mesmo usado pelo Vanguard Total Stocks (VT), o ETF de US$ 40 bi da Vanguard.
No pipeline de novos produtos da Investo está um novo ETF de renda fixa, que Mançanares diz que será “algo inovador”; um ETF de renda variável que vai pagar dividendos aos cotistas, algo comum nos EUA mas que só foi permitido recentemente pela CVM no Brasil; e mais um ETF internacional.
Hoje, todos os investimentos no mercado de capitais somam mais de R$ 15 trilhões no Brasil – mas apenas R$ 40 bilhões estão em ETFs.
“Tem um espaço muito grande para o mercado crescer em cima desses R$ 15 trilhões – sem precisar brigar com a concorrência,” disse Mançanares. “Queremos surfar o aumento desse mercado de R$ 40 bi para R$ 400 bi nos próximos anos e chegar a dezenas de bilhões sob gestão.”
Convencer o investidor a migrar de um fundo tradicional para um ETF não chega a ser uma tarefa difícil.
No Brasil, 90% de todos os fundos de ações perdem para o benchmark, mesmo cobrando taxas de administração altas, na casa dos 2%.
“Investindo num ETF como o WORLD11, que cobra 0,3% ao ano, você não vai ter o retorno que o melhor gestor do mercado vai ter no longo prazo. Mas você vai ter, com um alto nível de confiança, o retorno dos 10% melhores.”