A Valutia — uma gestora de venture capital que até agora fazia apenas club deals em startups portuguesas e brasileiras — está começando a captação do seu primeiro fundo.
O objetivo é levantar US$ 10 milhões para investir em startups portuguesas e espanholas que querem entrar no Brasil, bem como em startups brasileiras que querem fazer o caminho inverso.
A ideia é fazer o first closing do fundo no início do ano.
A Valutia foi fundada por Kiko Lumack, um empreendedor serial que ganhou liquidez com dois eventos: o IPO da Alper e a venda de sua marca de cachaça Santa Dose para a Brown-Forman, a dona do Jack Daniels.
Para criar a gestora, Kiko trouxe como sócio Bruno Lino, um executivo que trabalhou por décadas em diversas empresas da 3G. Passou nove anos na ALL, liderou a expansão do Burger King na Europa e a operação da Kraft Heinz na Austrália, Nova Zelândia, Coréia do Sul e Japão.
“Quando voltei para o Brasil, em 2019, comecei a olhar para venture capital, fazendo investimentos anjo e ajudando algumas startups a crescer,” disse ele.
A Valutia quer investir em 20 startups com um tíquete médio de US$ 350 mil. O restante será reservado para follow-ons.
Logo de início, os dois fundadores – que moram em Portugal – vão alocar cinco empresas de seus portfólios pessoais no fundo em troca de cotas. A ideia é que os dois tenham 6% do fundo — parte vindo dessas alocações de participações que eles já tem, e parte de investimentos em dinheiro.
Lino disse que a Península Ibérica tem um ecossistema de VC ainda menor que o do Brasil, mas que tem crescido muito. Para se ter uma ideia, Portugal já tem sete unicórnios; a Espanha, dez.
“Mas como os mercados são muito pequenos [Portugal tem 10 milhões de habitantes], os empreendedores já nascem com um mindset de internacionalização, e eles veem a Valutia como uma referência para entrar no Brasil, que eles sabem que não é fácil,” disse ele.