Depois de 22 anos de paralisação, a Vale reinaugurou a mina Capanema em Ouro Preto e, em paralelo, anunciou que vai investir R$ 67 bilhões em Minas Gerais até 2030.
No caso de Capanema, foram investidos cerca de R$ 5,2 bilhões para a modernização da mina, que terá uma operação a seco, sem rejeitos – ou seja, sem a necessidade de barragens. As obras duraram cinco anos.
Capanema vai adicionar 15 milhões de toneladas por ano à produção da companhia, cerca de 12% da produção da Vale no estado. Segundo o CEO Gustavo Pimenta, esse volume será fundamental para a Vale cumprir o guidance de 340 a 360 milhões de toneladas até 2026.
“É um dos principais projetos para o crescimento da Vale: é um projeto moderno não só do ponto de vista de pensar a mineração do futuro, mas também muito importante em termos de geração de volume para a Vale,” Pimenta disse ao Brazil Journal.
Para Lucas Laghi, que cobre a companhia na XP, Capanema será fundamental para a Vale compensar o depletion de algumas operações, como a de Serra Norte.
Pimenta disse que os R$ 67 bilhões serão direcionados para a Vale cumprir metas definidas em 2019, como a redução do uso de barragens de 30% para 20%, a ampliação da filtragem e empilhamento a seco, além de modernizar os cinco complexos operacionais da empresa no estado.
Além disso, a Vale vai investir na gestão das estruturas geotécnicas das minas no estado – desde o aumento da conectividade e do monitoramento até a renovação de frota.
Nas contas da Vale, esse investimento em Minas Gerais vai gerar R$ 440 milhões em royalties por ano para o estado, além de movimentar R$ 3 bilhões anuais em salários para 60 mil pessoas.
A Vale produziu minério em Capanema nas décadas de 80 e 90, mas paralisou as operações no início dos anos 2000. Segundo o CEO, a mina retorna com um papel estratégico: fornecer minério de médio teor que, quando combinado ao de Carajás, forma o Brazilian Blend Fines, um dos principais produtos da Vale.
Na nova fase, a Vale investiu em cinco caminhões autônomos para reduzir o número de funcionários em locais de trabalho menos seguros.
Durante a cerimônia de inauguração, o CEO disse que quer consolidar Minas Gerais como referência na nova forma de fazer mineração, e que a Vale jamais esquecerá Mariana e Brumadinho – “a base de uma profunda transformação da empresa nos últimos anos.”
A mineração circular é um exemplo dessa transformação, segundo Pimenta. O CEO disse que a Vale está intensificando essa prática desde 2020 com o reprocessamento de minério de estruturas geotécnicas em descaracterização – a exemplo das pilhas de estéril da mina Serrinha e da barragem Vargem Grande.
No primeiro semestre, a empresa produziu 9 milhões de toneladas a partir da mineração circular – um crescimento de 14% em relação ao mesmo período do ano passado.
“E Capanema vai ser mais um ativo importante utilizando esse conceito de mineração,” disse Pimenta.
A ação da Vale fechou o dia praticamente de lado, subindo 0,2%. A empresa vale R$ 253 bilhões na B3.