O BNDES e a União acabam de lançar a oferta de debêntures participativas da Vale — títulos emitidos na privatização da mineradora que pagam royalties sobre a produção de determinadas minas da companhia.

O papel, listado na Cetip, fechou sexta-feira a R$ 59,79, mas negocia com baixa liquidez. 

A oferta-base envolve 142 milhões de papéis e levantaria R$ 8,5 bilhões no preço de fechamento de sexta, mas pode ser aumentada em mais 72,3 milhões, o que elevaria o total a R$ 12,8 bilhões.

O lançamento acontece no momento em que o minério de ferro (65% grade) está negociando no mercado internacional a US$ 194,50/tonelada, perto de sua máxima nominal histórica. Com o minério no preço atual, os papeis estão pagando um yield de cerca de 7,5% em dólar.

Se os vendedores não colocarem parte do lote adicional, o saldo só poderá ser oferecido ao mercado daqui a 180 dias — um lockup padrão em IPOs e uma indicação de que o BNDES está sensível a preço.

Na semana passada, os bancos coordenadores já haviam recebido indicação de interesse firme de investidores internacionais cobrindo uma parte da oferta.

Dois terços da posição sendo vendida pertencem à União, mas o BNDES a administra como gestor do Fundo Nacional de Desestatização (FND). O terço restante pertence à carteira do banco.

A venda destes papéis marca uma espécie de conclusão simbólica da privatização da Vale, cujo leilão de controle aconteceu em 1997. O acordo de acionistas na mineradora — que envolvia Bradesco, Mitsui, BNDES e fundos de pensão — expirou no fim do ano passado, transformando a Vale numa full corporation.

Bradesco BBI, Citigroup, Itaú BBA e JP Morgan são os placement agents. 

O roadshow começa amanhã e o pricing está marcado para 12 de abril.

A oferta está sendo feita sob a Instrução 476 da CVM, que limita a 75 o número de investidores institucionais brasileiros que podem ter acesso à oferta e a 50 o número de investidores alocados.