A Dasa acaba de anunciar uma parceria com a Covaxx — uma empresa de biotecnologia dos Estados Unidos que está desenvolvendo uma vacina contra a covid — para a realização de testes clínicos de fase 2 e 3 no Brasil.
A Dasa e o Grupo Mafra vão doar R$ 15 milhões para a realização dos testes; outros R$ 15 milhões serão doados pela MRV, Localiza e Banco Inter.
O estudo clínico de fase 2 deve começar nos próximos meses e vai envolver mais de 3 mil voluntários no Brasil.
A Covaxx é uma unidade da United Biomedical e foi fundada por Peter Diamandis, da Singularity University, e pelos cientistas Mei Mei Hu e Lou Resse com o objetivo combater os efeitos da covid.
Neste momento, a Covaxx está finalizando o teste clínico de fase 1 com 60 pacientes em Taiwan. A expectativa é que os resultados fiquem prontos em novembro e que a Dasa comece o recrutamento dos voluntários para a fase 2 até o final deste ano.
Gustavo Campana, o diretor médico da Dasa, disse que a empresa vai usar sua base de dados de mais de 1,5 milhão de brasileiros que já fizeram testes de covid para recrutar os pacientes, o que deve acelerar o processo.
Simultaneamente ao teste conduzido no Brasil, a Covaxx também fará trials de fase 2 em Taiwan e nos Estados Unidos.
O anúncio da Dasa vem um dia depois da AstraZeneca ter que interromper os estudos de sua vacina, que já estava na fase 3, por efeitos adversos em um dos pacientes. Os testes da vacina da AstraZeneca estavam sendo conduzidos no Brasil, Reino Unido, Estados Unidos e África do Sul.
Segundo Campana, os testes podem levar até dois anos (o primeiro para testar a eficácia e resposta imunológica da vacina e o segundo, para testar a segurança).
“Mas os resultados pré-clínicos que já chegaram pra gente são muito animadores… achamos que podemos ter uma vacina com uma eficácia muito boa e que seja segura,” diz Campana.
Diamandis disse que, caso a vacina tenha sucesso, a Covaxx vai destinar mais de 50 milhões de doses à rede pública brasileira. A Dasa já firmou um acordo para doar 10 milhões de doses.
A vacina da Covaxx é a primeira contra a covid baseada numa plataforma de multitope peptide, que ativa a imunidade tanto das células B quanto das células T e, por ser sintética, tem, em tese, uma maior segurança.
Segundo Mei Mei Hu, a cofundadora da Covaxx, a tecnologia usada na vacina já foi comprovada em usos anteriores e tem alta capacidade de fabricação e distribuição.
“Podemos não ser os primeiros na corrida do teste clínico, mas temos uma vacina na qual estamos muito confiantes e que já começamos a fabricar,” disse ela.