A C&A reportou mais um trimestre acima das expectativas do mercado, com um same-store sales acima da concorrência e um forte crescimento do bottom line.
Apesar de terem desacelerado 3,5 pontos percentuais de um ano para o outro, as vendas no conceito ‘mesmas lojas’ cresceram 14,4% no quarto tri – acima dos 8,9% que a Renner apresentou no mesmo período.
Com isso, a receita da C&A chegou a R$ 2,5 bilhões no trimestre, 11,3% mais que no mesmo período do ano anterior e em linha com o consenso Bloomberg.
No ano, o crescimento foi de 13,7%, com a C&A faturando R$ 6,7 bilhões.
O EBITDA ajustado chegou a R$ 593 milhões – alta de 12,7% ano contra ano – e superou o consenso, que previa R$ 550 milhões.
No acumulado de 12 meses, o EBITDA da companhia chegou a R$ 1,4 bilhão, uma alta de 33% em comparação a 2023.
Porém, o número que mais surpreendeu foi o lucro. O bottom line C&A ficou em R$ 254,9 milhões no tri, 60% maior do que o registrado um ano antes. No ano, a C&A lucrou R$ 452 milhões e reverteu um prejuízo de R$ 6,8 milhões em 2023.
O CEO Paulo Correa disse que o resultado mostrou a consistência da C&A e a eficiência do Energia C&A, um programa iniciado no ano passado que melhorou o sortimento de produtos e personalizou as 333 lojas da empresa baseado no público-alvo.
“Esses resultados mostram que o consumidor está reagindo de uma maneira positiva à evolução que estamos fazendo na C&A,” disse Correa.
Ao mesmo tempo, a C&A colocou um pé no freio na sua operação de crédito, e a C&A Pay teve uma retração de 2,1% na receita.
Ao mesmo tempo, a empresa conseguiu diminuir o seu NPL acima de 90 dias de 19,7% no terceiro tri para 16,3% entre outubro e dezembro – diminuindo uma das maiores preocupações dos analistas.
Dessa maneira, o C&A Pay passou a representar 24% do total das vendas da varejista – 1 p.p. menor do que no último trimestre, mas o menor índice dos últimos 15 meses.
Apesar de ver a modalidade de pagamento chegando a representar 30% no longo prazo, Correa disse não estar preocupado com esse número, que talvez perca um pouco mais de espaço nos próximos trimestres.
“O C&A Pay é muito importante na dinâmica do relacionamento com o cliente, que tem uma frequência maior, mas estamos fazendo ajustes nos modelos de concessões de crédito,” o CEO disse ao Brazil Journal. “Queremos fazer um avanço sustentável e não a qualquer custo.”
Ao mesmo tempo, Correa vê o crescimento dos consumidores de alta renda – que costumam pagar à vista – como uma outra alavanca para diminuir a participação do C&A Pay nas compras.
Para 2025, o C&A prevê um aumento dos investimentos, mas não enxerga espaço para tantas aberturas de lojas.
No ano passado, a varejista investiu R$ 360 milhões, uma alta de 67% em relação ao mesmo período do ano passado. A empresa abriu cinco lojas em 2024.
“Vejo esse número de aberturas como um piso para a C&A, mas vamos fazer várias reformas de lojas, que têm aumentado as vendas por metro quadrado,” disse.
O marketing deve seguir recebendo boa parte dos recursos. Um sinal disso foi o patrocínio da marca para o show da Lady Gaga em Copacabana, que acontece em 3 de maio.
A alavancagem da C&A também teve uma forte redução: caiu de 1,5x, em 2023 para 0,5x no fim do ano passado. Há três anos, a alavancagem estava próxima de 4x.
Com um cenário macro mais desafiador à frente, Correa diz que é possível manter a consistência nos resultados, mas admite que a base comparativa mais forte pode trazer desafios.
“Mas vemos muitas oportunidades de ganhos com o Energia, que está apenas na primeira fase e que já mostrou resultados como base de consumidores aumentando, assim como frequência de compra e o NPS,” disse.
Danniela Eiger, a analista da XP, viu os resultados superarem as suas expectativas – que eram construtivas – e a C&A consolidar uma força maior do que a Renner no momento.
“A companhia entregou uma dinâmica de crescimento acima da Renner e o resultado mostra que a estratégia tem gerado valor,” disse.
A C&A sobe 1,5% nos últimos doze meses. A empresa vale R$ 2,7 bilhões na Bolsa.