A Unipar levantou R$ 673 milhões com o BNDES para financiar a conclusão da modernização de sua planta de Cubatão, um investimento que vai gerar uma economia relevante de energia e aumentar o EBITDA da operação.
A petroquímica captou os recursos com duas linhas do banco de fomento — ambas ligadas ao meio ambiente.
A maior parte (R$ 400 milhões) veio do Fundo Clima, que tem R$ 10 bilhões do Governo Federal para emprestar para empresas investirem em projetos de descarbonização. Esse empréstimo tem prazo de 16 anos e saiu a uma taxa fixa de 7,5% ao ano (um desconto de mais de 3,5 pontos percentuais em relação ao CDI).
Já o restante dos recursos virá do FINEM Meio Ambiente. Essa linha tem prazo de 20 anos e saiu a TLP + 1,1% — uma taxa mais próxima dos padrões de mercado.
A captação vai melhorar o prazo e o custo médio da dívida da companhia. O prazo médio, que hoje é de 4,4 anos, vai subir para 6,5 anos, enquanto o custo médio vai cair de CDI + 1,5% para CDI + 0,65%.
O CFO Alexandre Jerussalmy disse ao Brazil Journal que a Unipar conseguiu se habilitar para o financiamento do Fundo Clima porque a modernização da planta vai gerar uma redução de 70 mil toneladas de CO2 por ano — que virá principalmente da redução no consumo de energia, especialmente a gerada por vapor.
“Temos três tecnologias para fazer a eletrólise para produzir cloro e soda: o mercúrio, o diafragma e a membrana,” disse o CFO. “O projeto de modernização é para unificar tudo numa única tecnologia, a membrana, que é a mais moderna e ‘ecoeficiente’ das três. Ela é o estado da arte em termos de tecnologia para eletrólise.”
Com a migração para o modelo de eletrólise por membrana a Unipar estima que vai consumir 18% menos energia.
“O projeto também vai permitir que a gente tenha maior confiabilidade operacional, o que vai otimizar o uso dos insumos das plantas,” disse ele. “Com as outras tecnologias, temos muito mais paradas não programadas.”
Segundo o CFO, tudo isso deve gerar um “incremento importante” do EBITDA da operação, que hoje responde por metade da capacidade de produção de cloro e soda da companhia.
A modernização de Cubatão começou no início deste ano, e está prevista para ser concluída no final de 2025.
No total, o projeto vai demandar US$ 200 milhões de investimento (R$ 1,16 bilhão ao câmbio de hoje) e será financiado 80% com dívida e 20% com equity. Da parte da dívida, a Unipar já garantiu 100% depois da captação de hoje.
Há alguns meses, ela já havia levantado US$ 42 milhões num empréstimo com a Euler Hermes destinado à compra do novo eletrolisador. A Euler Hermes é uma agência de crédito de exportação alemã que financia indústrias na compra de equipamentos produzidos na Alemanha.
A alavancagem da Unipar fechou o terceiro trimestre em 0,77x EBITDA — um número que deve subir com a captação de hoje e a execução do capex.
“Vai ter um impacto na alavancagem, mas ela vai continuar sob controle,” disse o CFO. “O quanto vai subir vai depender também da evolução do nosso EBITDA.”
A Unipar está enfrentando o momento de baixa do ciclo petroquímico, o que tem deprimido seu valor de mercado. “É difícil prever, mas estamos achando que no final do ano que vem ou no início de 2026 já devemos ter uma reversão do ciclo,” disse o CFO.
Ao mesmo tempo, a empresa está executando o maior ciclo de capex de sua história. Além do investimento na planta de Cubatão, está construindo uma nova fábrica de cloro e soda em Camaçari, um investimento de centenas de milhões de reais.
A planta de Camaçari ficará pronta ainda este ano e terá capacidade para 20 mil toneladas de cloro e 22 mil toneladas de soda. “É uma planta pequena, mas que fica próxima dos clientes e tem capacidade para expansão no futuro.”
Os recursos emprestados pelo BNDES não entram de uma vez no caixa; serão liberados conforme a execução do capex.