Nove meses depois de tomar posse, o Presidente Lula tem sua gestão avaliada de forma “positiva” por 56% dos brasileiros. Segundo pesquisa conduzida pelo instituto “Brasilis: o Olhar dos Brasileiros”, do cientista político Alberto Carlos de Almeida, 12% dos entrevistados consideram o governo “ótimo”, 23% o acham “bom” e 21%, “regular mais para bom”.
Para 43% das 2.004 pessoas ouvidas, a avaliação do terceiro mandato de Lula é negativa, sendo que 16% o caracterizam como “péssimo”, 11% dizem que é “ruim” e 16%, de “regular para ruim”.
As entrevistas foram realizadas entre 22 e 27 de setembro. O índice de confiança da pesquisa é de 95%, com margem de erro de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Na mesma pesquisa, os entrevistados avaliaram a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Eles responderam à seguinte pergunta: “Antes de Lula ser presidente, o presidente era Bolsonaro. Como você avalia o governo que o Bolsonaro fez: ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo? Este regular é mais para bom ou mais para ruim?”.
Os resultados são parecidos com os de Lula. Para 53% das pessoas ouvidas, a avaliação do governo Bolsonaro é “positiva”, dividido entre “ótimo” (12%), “bom” (20%) e “regular mais para bom” (21%). Na opinião de 48%, a gestão Bolsonaro foi negativa: 24% consideram seu governo “péssimo”, 9% o classificam como “ruim” e 15%, de “regular mais para ruim”.
Considerando-se a margem de erro da pesquisa, Lula e Bolsonaro seguem tecnicamente empatados em popularidade quase um ano depois da eleição.
No segundo turno, em 30 de outubro, a diferença foi de apenas 2.139.645 votos, o equivalente a 1,8% dos votos válidos. O petista recebeu 50,90% dos votos, e seu adversário, 49,10%. Foi a menor diferença registrada numa eleição presidencial na história da República.
Os números mostram, portanto, que, mesmo depois de Lula governar o país por nove meses, seu rival, réu em vários processos judiciais e mesmo tendo perdido os direitos políticos por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segue forte do ponto de vista da avaliação popular.
O quadro revela que a polarização aguda que vem caracterizando a política brasileira há alguns anos não se alterou um milímetro desde a eleição.
“O pico da avaliação positiva (56%) de Lula é o ‘bom’ (23%), ao passo que o pico da avaliação negativa de 43% (soma de péssimo, ruim e regular para ruim) é o ‘péssimo’ (16%). O nível mais alto da avaliação positiva de Bolsonaro (53%) está no ‘regular para bom’ (21%). Também no caso de Bolsonaro, o ponto mais alto da avaliação negativa é o péssimo (24%)”, Alberto Almeida disse ao Brazil Journal.
“A proximidade das duas avaliações positivas, 56% e 53%, respectivamente, e o pico da avaliação negativa de ambos no ‘péssimo’ são sinais importantes da polarização e cristalização de dois campos políticos.”
Outros dados da pesquisa mostram que 25% de quem recebe o Bolsa-Família considera “péssimo” o governo Lula. “É possível que este seja um problema de comunicação. Se for, é pior do que a propalada dificuldade do governo nas mídias sociais”, diz Almeida.
Quem se considera pobre avalia o governo Lula melhor do que o governo Bolsonaro. Já quem se considera de classe média avalia Bolsonaro melhor que Lula – um sinal de que a agenda econômica do Governo (um mix de estado empresário, gasto público e aumento de impostos) está machucando o Governo junto à classe média.
Almeida explica que a percepção sobre a inflação tem mais impacto na avaliação do governo Lula do que a percepção sobre emprego.
“40% de quem acha que a inflação está sob controle e está faltando emprego acha o governo Lula bom. Essa proporção é de somente 19% para quem considera que a inflação está aumentando e tem emprego para todo mundo.”
Um detalhe da pesquisa chama a atenção: nenhum dos entrevistados disse não saber responder (NS) ou não respondeu (NR) às perguntas, diferentemente do que costuma ocorrer nesse tipo de enquete.
A Câmara dos Deputados e o Senado Federal também foram avaliados na pesquisa do “Brasilis”. Para 48% dos entrevistados, é “positivo” o trabalho dos deputados, enquanto, na opinião de 50%, é “negativo”. Dois por cento do total não souberam responder ou não responderam.
O Senado teve avaliação parecida: 49% dos entrevistados consideram “positivo” o desempenho da Casa, enquanto 48% dizem que é “negativo”. Um dado chama a atenção: apenas 2% das pessoas ouvidas afirmaram que tanto a Câmara quanto o Senado fazem um “ótimo” trabalho.