Numa partida clássica da NBA — um Lakers v. Heats — nada menos que dez fotógrafos profissionais trabalham ao redor da quadra, clicando cada passe ou ‘slam dunk’ do jogo.
Depois, essas milhares de imagens são enviadas para um time de social media fazer uma curadoria — escolhendo as 100 ou 200 melhores e colocando a marca da NBA.
Finalmente, as fotos são enviadas para todo mundo que importa (os próprios jogadores, jornalistas, fãs dos times e influenciadores de esporte), que postam nas redes sociais.
Esse processo lento e pouco glamouroso — e sujeito à subjetividade e erro humano — está prestes a virar coisa do passado: a GreenFly, uma startup fundada há sete anos nos Estados Unidos, criou uma plataforma que automatiza pelo menos dois terços dessa jornada.
Os fotógrafos ainda precisam estar lá e tirar as fotos, mas depois disso é a plataforma da GreenFly que faz a curadoria das imagens, coloca a marca d’água e dispara as melhores fotos para as listas de cada cliente.
“O algoritmo usa facial recognition e outras tecnologias para identificar se o atleta está feliz ou com cara de mau, se o ângulo da foto está perfeito para o rosto dele, e outras questões estéticas que influenciam na qualidade da foto,” diz Márcio Torres, da LinkinFirm, uma gestora brasileira que investiu na GreenFly na última rodada de captação, em agosto.
O algoritmo também consegue tomar decisões sobre a relevância de cada foto, identificando, por exemplo, os momentos que foram decisivos para a partida (por exemplo, o passe que levou a uma cesta).
Hoje, a GreenFly atende companhias como o Airbnb, Uber, Viacom e Nickelodeon, mas mais da metade de seus clientes são do mundo do esporte.
Além da própria NBA, a startup atende a NFL, o PSG, o Real Madrid e o Clube Atlético Mineiro, por exemplo. No início do ano, a empresa trabalhou para as Olimpíadas de Tokyo: foi responsável pela curadoria e pelo disparo de todas as fotos tiradas durante a competição.
Daqui pra frente, uma das verticais que mais devem crescer na empresa é a política: a Greenfly fez toda a campanha de social media de Joe Biden e já está conversando com três candidatos à presidência de países europeus, além do governador da Flórida, Ron DeSantis.
Outro nicho promissor são polos turísticos interessados em atrair visitantes. Alguns, como o Vail Resorts, já contrataram a Greenfly para fazer a distribuição de conteúdo junto ao Airbnb, agências de viagens, jornais e websites.
Desde que foi fundada por Shawn Green, um ex-jogador profissional de baseball, a GreenFly já levantou mais de US$ 18 milhões com fundos e investidores.
A última rodada, de US$ 11,5 milhões, vai ser usada para aumentar a equipe comercial e o time responsável por atender as contas, bem como para fazer melhorias na plataforma.
A capitalização atraiu os jogadores de basquete Chris Paul e Lebron James, além dos Chicago Cubs, o time de baseball. Também investiram as gestoras Elysian Park (a maior do mundo focada em esportes), Iconica, Go4It Capital (de Marc Lemann e Cesar Villares), Allievo Capital e a LinkinFirm.
Chris Paul decidiu investir na startup porque conhecia o serviço como usuário.
O jogador da NBA — hoje considerado o terceiro melhor do mundo — ficava no ônibus depois dos jogos olhando as fotos que recebia da GreenFly (a startup enviava apenas as fotos em que ele aparecia) e postando as melhores em suas redes sociais.
Encantado com a ferramenta, o atleta decidiu ligar para o CEO da empresa, Daniel Kirschner, contar que usava a solução há bastante tempo, que era um fã, e que queria investir.
“O Danny achou que era trote” mas dias depois, o dinheiro entrou, diz Márcio.