O Uber encontrou um comprador para o seu negócio (deficitário) de aluguel de carros para motoristas ‘subprime’ nos Estados Unidos.
A Xchange Leasing foi vendida para a Fair.com, uma startup de Santa Monica fundada ano passado por ex-executivos da BMW, Mercedes-Benz e Tesla e que já levantou US$ 85 milhões em equity e US$ 1 bilhão em dívida, segundo o The Wall Street Journal.
O Uber está repassando o negócio a uma empresa do ramo. A Fair opera no leasing automotivo com um aplicativo que permite ao comprador procurar o carro que deseja, autenticar o pagamento, e devolvê-lo quando quiser – com apenas cinco dias de aviso prévio.
O aplicativo é uma solução para o cliente (ele diz quanto quer pagar e o app mostra o que está disponível) e para as concessionárias, que têm acesso à demanda mais farta.
Os valores do negócio não foram revelados, mas envolvem equity: o Uber terá uma fatia minoritária na empresa e vai disponibilizar o aplicativo para potenciais motoristas num contrato de parceria exclusiva. Segundo o WSJ, o valor patrimonial dos cerca de 30 mil carros da Xchange Leasing é de US$ 400 milhões.
Criado em 2014, o Xchange Leasing surgiu como uma aposta para aumentar a frota de motoristas do Uber e garantir que os usuários não tenham que esperar muito tempo por um carro nem ser submetidos constantemente à tarifa dinâmica, que encarece as viagens quanto a demanda supera a oferta.
O Uber comprou carros novos para alugá-los a motoristas por perfil de crédito tão fraco que não conseguiam aprovação nas empresas de leasing tradicionais. A empresa sempre achou que a unidade em si daria prejuízo, mas imaginou que ele seria compensado pela comissão das corridas.
Não foi bem assim.
O negócio era ‘subprime’ até a medula: o aluguel chegava a US$ 500 por mês – muito acima do preço do mercado tradicional – e descontado direto das corridas. Para conseguir pagar o valor e ainda tirar algum dinheiro, os motoristas faziam longas jornadas – e acabavam detonando os carros e seu valor de revenda. Consequência: o prejuízo por carro superou quase 20 vezes a expectativa inicial do Uber.
A venda da Xchange Leasing faz parte de uma série de iniciativas para estancar a perda de caixa e conseguir convencer os investidores de que o Uber pode entrar na trajetória do lucro. Apesar da receita crescer a taxas expressivas, a empresa tem registrado prejuízos cada vez maiores. Em 2016, o Uber fechou no vermelho em mais de US$ 3 bilhões e, segundo o WSJ, apenas nos últimos dois trimestres, a companhia já perde mais US$ 2,52 bilhões.
O novo CEO, Dara Khosrowshahi, que assumiu em agosto, já declarou que o Uber pretende fazer seu IPO em 2019.