LYON, França – Fundada pelos romanos e terra natal de Antoine de Saint-Exupéry (o autor de O Pequeno Príncipe) e do lendário chef Paul Bocuse, esta cidade guarda um tesouro escondido: as traboules.
São passagens secretas que conectam ruas e pátios internos, verdadeiros portais para o passado. O nome deriva do latim trans ambulare – atravessar a pé – o que descreve perfeitamente sua função.
Ao abrir uma porta de madeira e/ou ferro forjado, você entra em um mundo de escadarias em espiral, galerias italianas, esculturas e poços antigos.
Existem cerca de 500 traboules em Lyon, concentradas em três bairros: Vieux Lyon com aproximadamente 200 traboules medievais e renascentistas, originalmente usadas para levar os moradores até o rio Saône; Croix-Rousse – situada numa colina — com mais de 160 traboules dos séculos XVIII e XIX, que eram utilizadas pelos tecelões de seda (canuts) e posteriormente pela Resistência Francesa durante a Segunda Guerra, e Presqu’île, que apresenta traboules mais discretas, mas igualmente charmosas, datadas do final do século XVIII.
Graças ao acordo Pátio/Traboule, firmado com a Prefeitura em 1990, cerca de 80 traboules estão abertas ao público diariamente, das 7h às 19h.
Em troca, a cidade contribui com a manutenção, limpeza e iluminação dos locais. Basta procurar uma porta, entrar com respeito e se deixar levar pela magia do lugar.
Abaixo, uma lista das traboules que considero imperdíveis.
Em Vieux Lyon
Longue Traboule: conecta a 54, rue Saint-Jean e a 27, rue du Bœuf, atravessando quatro pátios e quatro edifícios.
Maison des Avocats: localizada no 60, rue Saint-Jean, é composta por vários corpos de edifícios/alas e uma galeria sobre o pátio de tipo toscano.
Galeria Philibert de l’Orme: no 8, rue Juiverie, possui um pátio com uma magnífica galeria renascentista com abóbadas, um exemplo impressionante da arquitetura do período.
La Tour Rose: uma torre circular rosa do século XVI, na 16, rue du Bœuf.
Hôtel Paterin: situado na 4, rue Juiverie, também chamado de Maison Henri IV. Possui três andares de traboules.
Rue des Trois-Maries: no 17, rue des Trois-Maries, há dois edifícios coloridos com galerias em arco do século XVI, que levam a uma vista deslumbrante do rio Saône, com saída no 20, quai Romain Rolland.
Pátio do nº 2, Place du Gouvernement: abrigava a Hostellerie de Saint Christophe, que hospedava viajantes. A construção preserva alguns elementos decorativos góticos.
Em Croix-Rousse
Cour des Voraces: possui uma escadaria monumental de seis andares na 9, place Colbert, que se conecta à 14 bis, Montée Saint-Sébastien. Seu nome é uma homenagem aos canuts, os tecelões revolucionários de 1848.
Passage Thiaffait: liga a 30, rue Burdeau à 19, rue René Leynaud. É famoso por abrigar ateliês de artistas.
Beco Pierres Plantées: um local bucólico que desce até uma escola e um jardim.
Escadarias de Feuillants: conectam o 4, rue de Thou e a 5, Petite rue des Feuillants, com uma bela escadaria e um antigo convento.
Em Presqu’île
Cour des Trois Passages no 9, rue Laurencin: é a única traboule aberta ao público neste bairro.
Traboule do Museu da Impressão: Conecta o 13, rue de la Poulaillerie ao 2, rue des Forces (a entrada pode estar ocasionalmente fechada).
Dicas e informações úteis
Para quem preferir, o escritório de turismo de Lyon organiza visitas guiadas. Para mais informações, consulte o site oficial que também tem versão em inglês: Les traboules et cours de Lyon – Office du tourisme de Lyon.
As traboules também podem ser encontradas em cidades próximas, como Villefranche-sur-Saône, Mâcon e Chambéry.











