No fatídico 2008 que varreu do mapa o Bear Stearns e o Lehman Brothers, o Morgan Stanley por pouco não foi à lona. No ano anterior, o banco havia recorrido a um empréstimo de emergência para cobrir as perdas de US$ 9 bilhões nos tóxicos derivativos das hipotecas subprime.
Mas o Morgan sobreviveu e cresceu, e hoje seu valor de mercado bate com certa folga o da Goldman Sachs, seu adversário histórico.
As ações do Morgan acumulam alta de 64% nos últimos cinco anos, e a companhia já vale US$ 120 bi. No mesmo período, a Goldman subiu 40% e vale US$ 98 bi.
Parte do sucesso do banco nos últimos anos é atribuído a Edward ‘Ted’ Pick, que acaba de ser nomeado o novo CEO do banco, ocupando a cadeira que estava com James Gorman há 14 anos.
Pick tem 54 anos e assume em janeiro. Gorman, de 65 anos, continuará no conselho.
Segundo o Wall Street Journal, quando Gorman assumiu como CEO o Morgan valia menos da metade do que a Goldman e o Citigroup. Hoje supera ambos.
Pick era considerado o favorito na sucessão de Gorman. Com 33 anos de casa, ostenta um histórico de entrega de resultados em diferentes frentes.
O próximo CEO começou no banco como analista em 1990. Subiu na vida na área de equity capital markets, levantando recursos para empresas e para o próprio banco – como ocorreria em 2008, quando o Morgan ficou à beira do precipício.
Por sete anos, logo depois da eclosão da grande crise financeira, Pick dirigiu a divisão de equities trading – e a receita do Morgan na área superou a da Goldman. Em 2015, assumiu a missão de recuperar a área de renda fixa.
O executivo, que é co-presidente há dois anos, comanda hoje os negócios de investment banking e trading. Estão sob sua supervisão as áreas de renda variável, renda fixa, capital markets e research.
Nascido em Nova York, Pick sempre foi conhecido internamente por seu jeito direto de se expressar, sem paciência para rodeios, e gosto por soltar palavrões e expressões de baixo calão.
Certa vez, John Mack, o CEO do Morgan entre 2005 e 2010, pediu que a área de compliance dissesse a Pick que seus emails estavam levantando sinais de alerta pelo uso excessivo de ‘termos explícitos.’ Era um trote.
Estavam na disputa da sucessão Andy Saperstein, que comanda o wealth management, e Dan Simkowitz, que dirige o asset management.
Ambas as áreas vêm apresentando bons resultados, mas, segundo a coluna DealBook, do New York Times, Pick lidera áreas mais complexas e foi a opção ‘mais segura.’
Saperstein passará a comandar o investment management, além de wealth management, enquanto Simkowitz será co-presidente e head de institutional securities.
O Morgan Stanley surgiu em 1935 como uma costela do JP Morgan, uma consequência direta do Glass-Steagall Act, que proibiu instituições financeiras de ter sob o mesmo guarda-chuva um banco comercial e um banco de investimento.
O JP Morgan optou por se manter no varejo. Henry Morgan e Howard Stanley deixaram a instituição e fundaram o Morgan Stanley.