É oficial: as ações da Forjas Taurus são o novo ‘bitcoin’ – todo dia um amigo ou parente que nunca investiu aparece para recomendar a ‘oportunidade’.
Mas para todo comprador tem um vendedor e, nos últimos dias, três grandes acionistas aproveitaram para diminuir suas posições na empresa e converter a euforia em liquidez.
Ontem, Marcos Bodin de Saint’Ange, que possuía 28,2% das ações PN e 0,02% das ações ON, anunciou que encerrou toda a sua posição. Dois dias antes, o controlador da fabricante de armas, a holding Taurus Participações (antiga CBC), que tem mais de 90% das ON, vendeu 2,8% dessa classe de ações.
No último dia 19, outro acionista relevante da empresa, Antônio Marcos Moraes Barros, ligado à controladora CBC, diminuiu sua participação de 23% das ações preferenciais para pouco mais de 10%, com a venda de 2,4 milhões de ações.
Só neste mês, as ações da Taurus triplicaram – e no acumulado do ano, já subiram mais de quatro vezes. A tese por trás do rali é a de que a empresa poderia se beneficiar do aumento dos investimentos em segurança e de uma possível revogação do Estatuto do Desarmamento num eventual Governo Jair Bolsonaro.
O que ninguém parece estar prestando muita atenção é nos problemas graves que a Taurus enfrenta em seu balanço, com um passivo a descoberto de mais de R$ 510 milhões, e nas diversas sinalizações do candidato do PSL de que acabaria com seu monopólio.
A própria empresa aproveitou para tirar uma casquinha da sua fama repentina. No início do mês, chamou um aumento de capital, com a emissão de bônus de subscrição que podem se converter na injeção de R$ 383 milhões no caixa da empresa. O objetivo é reduzir o endividamento, que já ultrapassa R$ 800 milhões.
Se todos os bônus forem convertidos, a diluição dos atuais acionistas pode chegar a 50%. Mas, de novo, ninguém parece estar dando muita bola para isso.