A Tarpon contratou o Citi e o Itaú BBA para avaliar um follow-on com o objetivo de vender parte de sua participação na Serena, uma das maiores geradoras de energia renovável do Brasil.
A gestora tem 31,8% do capital da empresa e pretende vender 13,8% do capital. A participação que será vendida está num fundo com capital de terceiros, que está prestes a vencer.
Com a ação da Serena cotada hoje a R$ 8,44, essa fatia equivale a cerca de R$ 800 milhões. A Serena vale R$ 5,3 bi na B3.
A Serena disse no fato relevante que a oferta será apenas secundária, já que a empresa não precisa de mais capital dada sua forte geração de caixa. No ano passado, a geração de caixa operacional foi de R$ 1,5 bilhão.
No final do ano passado, a Tarpon já havia contratado o BTG Pactual, que continua como líder do sindicato, para explorar a venda dessa participação por meio de uma operação direta — um block trade com investidores estratégicos ou fundos de private equity.
Aparentemente, a gestora não achou um comprador privado nos termos que queria e partiu para o plano B.
Para a Serena, o follow-on é a opção mais interessante, já que vai aumentar sua base acionária e melhorar muito a liquidez do papel, uma das principais reclamações de investidores.
A liquidez já chegou a bater R$ 30 milhões/dia, mas desde que a Actis comprou 26,8% do capital, a ação negocia uma média de R$ 10 milhões/dia.
Com o follow-on, a estimativa dos bancos do sindicato é que essa liquidez possa subir de 3x a 5x, considerando um repricing do papel para múltiplos de mercado (cerca de 9x EBITDA).
Após a oferta, os maiores acionistas da Serena seriam a Actis, com 26,8% do capital, seguida pela Tarpon, que ainda teria 16,7% das ações, e pelo CEO da empresa, Antonio Bastos, com 10,6%.
Outros investidores relevantes são a Verde, Vanguard, BlackRock e Sharp Capital, todas com menos de 5%.
A ação da Serena tem sofrido nos últimos meses com um overhang brutal, com o mercado esperando a venda da Tarpon. De setembro até hoje, o papel mergulhou de R$ 11,27 para R$ 8,44, uma queda de mais de 25%.
Agora, o papel negocia a uma TIR real de cerca de 16%, nas contas do BTG. Para efeito de comparação, a AES Brasil negocia a 10%.
O roadshow vai começar na semana que vem.
O mercado agora vai monitorar se a Actis — que fez sua posição na empresa ao redor de R$ 16 — vai aproveitar a oferta para reduzir seu preço médio ou ficar fora.