Fernando Gadotti, que cofundou o DogHero e depois vendeu sua empresa para a Petlove em 2020, está empreendendo outra vez.
Gadotti fundou há um ano a Tako, que acaba de levantar R$ 75 milhões em sua primeira rodada de capital.
A capitalização foi liderada pela Ribbit Capital e a Andreessen Horowitz e teve a participação da OneVC e dos fundadores da fintech americana Ramp, Eric Glyman e Karim Atiyeh.
A Tako está tentando resolver uma dor que Gadotti sentia em sua antiga empresa: a dificuldade de processar a folha de pagamento e de ter visibilidade, de forma centralizada, de todos os dados dos funcionários da empresa.
“Na hora de fazer a folha de pagamento era sempre uma sensação de pânico. Sabíamos que ia ser corrido, com vários dias conferindo dados e que mesmo assim tinha chance de passar algum erro,” o empreendedor disse ao Brazil Journal.
“Conforme fomos crescendo, percebi que esses problemas de fato estavam atrasando e afetando a capacidade de tomarmos decisões. Gastávamos muito tempo com tarefas operacionais e pouco tempo analisando o negócio e planejando.”
A Tako está atacando principalmente as empresas de médio porte, que têm de 100 a 500 funcionários. Essas companhias em geral fazem o processamento de suas folhas de pagamento com empresas de contabilidade, sem usar um software para isso, o que torna o processo lento e sujeito a erros.
As grandes companhias, por sua vez, tendem a usar soluções de empresas como a TOTVs, Senior Sistemas, LG e ADP.
Gadotti disse, no entanto, que essas empresas têm tecnologias muito antigas, com sistemas legados, e uma experiência ruim para o usuário.
“Esses sistemas usam tecnologias de 30, 40 anos atrás. Tem muitos desses players que só estão indo para a nuvem agora. Não tinha nenhuma companhia nesse mercado que começou na era pós-IA,” disse o fundador.
A Tako não abre o número de clientes que ela tem, mas diz que atende companhias como a Jeitto, uma fintech de crédito, e a Azos, uma insurtech.
A visão de Gadotti é transformar a Tako (o nome significa polvo em japonês) no “cérebro do departamento de RH”.
Além de melhorar o processo da folha de pagamento, que ela diz que consegue reduzir de 14 dias para um dia, a Tako também está centralizando num único sistema todos os dados dos colaboradores, algo que era difícil de acessar pelos departamentos de pessoas.
Gadotti disse que os dados de salário, cargo e dissídio estão na folha, mas que dados como o departamento em que o funcionário trabalha, para quem ele se reporta e quem está abaixo dele estão em outros lugares da empresa e não estão conectados entre si.
“Quando o departamento de RH queria ter uma visão completa dos funcionários para saber, por exemplo, o custo da área de marketing, ele tinha que juntar vários dados dispersos. Com nossa plataforma ele consegue ter isso num único lugar.”
O sistema da Tako também cuida de toda a jornada do colaborador dentro da empresa, facilitando os processos de admissão e desligamento e os pedidos de férias.
Como empreendedor de segunda viagem, Gadotti disse que está trazendo algumas lições de seu antigo negócio.
A principal delas, segundo ele, é construir uma base sólida. “De time, de software, de solução… Porque se essa base não estiver muito bem construída, muito bem pensada, se você construir o negócio sob uma fundação fraca, isso vai te deixar mais devagar na frente,” disse ele.
“Quando lançamos o DogHero, fizemos tudo muito rápido, em três semanas a plataforma já estava no ar. Com a Tako, decidimos tomar o nosso tempo.”
Segundo ele, foram 18 meses construindo a plataforma antes de ir atrás dos primeiros clientes.