A Taesa levou os dois maiores blocos do leilão de transmissão que ocorreu hoje cedo na B3 — voltando a expandir seu portfólio mas com retornos que um gestor chamou de “patrióticos”.
A Taesa levou o bloco 5, o maior de todos, com um capex estimado em R$ 1,2 bilhão, e o bloco 3, o segundo maior, com capex estimado em R$ 1,1 bilhão.
Os dois blocos foram extremamente competitivos — com seis e oito ofertas, respectivamente — o que fez a Taesa ofertar deságios relevantes.
No bloco 3, o deságio foi de 47,9% da receita regulatória (RAP) máxima permitida. No bloco 5, o deságio foi de 34,2%.
“São retornos bem baixos, patrióticos,” disse um gestor.
Nas contas do BTG, caso a Taesa consiga reduzir o capex estimado para os projetos em 20%, antecipar a construção em um ano e fizer os investimentos com uma estrutura 70% alavancada, a TIR real seria de 4,4% para o Bloco 3 e de 3,7% para o Bloco 5.
Para efeito de comparação, a NTN-B 2040 hoje paga em torno de IPCA + 6,3%.
O bloco 5 era operado até agora pela Enel — mas foi colocado em leilão para revitalizar a interconexão internacional com a Argentina. (O R$ 1,2 bi de capex inclui uma indenização de R$ 866 milhões que será paga a Enel na assinatura do contrato).
Já o bloco 3 inclui a construção de uma linha de 351 quilômetros para aumentar a confiabilidade do serviço no Maranhão.
No leilão, todos os seis blocos foram arrematados com projetos que vão construir mais de 700 quilômetros de novas linhas de transmissão e revitalizar outras com investimentos previstos em R$ 3,5 bilhão.
O deságio médio foi de 38% de uma RAP total de R$ 603 milhões.
Apesar dos deságios terem sido altos, a taxa de juros num patamar mais elevado parece ter reduzido um pouco o apetite das empresas. Nos últimos sete leilões, que aconteceram entre 2018 e 2022, os licitantes ofereceram um desconto médio maior, de 52% da RAP, segundo o BofA
No leilão de hoje, os outros lotes foram levados pela Cemig (lote 1), EDP Brasil (lote 2), EDF (lote 4), e por um consórcio da Alupar e Perfin, que levou o lote 6 pelo menor deságio do leilão (15%).
A construção das linhas tem prazo de conclusão de 42 a 60 meses e serão feitas nos Estados do Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo.
As concessões têm duração de 30 anos.