Os fundos de pensão e bancos fora dos EUA acumulam passivos de US$ 80 trilhões na forma de swaps cambiais e de moedas – obrigações que não aparecem em seus balanços e estão se tornando um “ponto cego” das finanças internacionais.

O alerta partiu do Banco de Compensações Internacionais (o BIS, na sigla em inglês), conhecido como o “banco central dos bancos centrais”, cuja sede fica na Basileia.

Os swaps cambiais se assemelham a operações de repurchase agreement (as repos), tendo uma moeda no lugar de um título como colateral. Mas ao contrário das repos, as obrigações de pagamentos futuros dessas operações cambiais ficam registradas fora dos balanços, daí o “ponto cego”.

Em seu mais recente relatório trimestral, o BIS diz que esses US$ 80 trilhões em obrigações futuras, a maior parte com vencimento de curto prazo, supera o total combinado de T-Bills, commercial papers e repos em circulação, segundo a Reuters.

O crescimento no volume desses swaps foi particularmente elevado entre entidades não-bancárias fora dos EUA. Este total subiu de US$ 17 trilhões em 2017 para US$ 25 trilhões agora.

Nos bancos com sede fora dos EUA, a dívida em dólar na forma desses instrumentos financeiros soma estimados US$ 39 trilhões. Trata-se de um valor equivalente a mais do que o dobro de suas dívidas em dólares discriminadas nos balanços e dez vezes o capital dessas instituições.

Esse endividamento que não aparece explicitamente nos balanços apresenta um desafio para os bancos centrais, afirma o BIS, especialmente em tempos de estresse.

“A falta de informação torna mais difícil para as autoridades estimar as necessidades de rolagem,” diz a instituição, tanto em termos de escala como de geografia. “Assim, em tempos de crise, as políticas para retomar os fluxos normais de dólares no sistema financeiro (como por exemplo nas linhas de swaps do banco central) são feitas no nevoeiro.”

Segundo a Reuters, os diretores do BIS destacaram que esses problemas vêm à tona sobretudo quando ocorrem turbulências que derrubam a liquidez nos mercados e geram um squeeze nos financiamentos. Foi o que ocorreu na crise financeira global de 2008 e, mais recentemente, no início da pandemia, em março de 2020.