SAN FRANCISCO, Califórnia — A Uber ainda não sabe quando vai dar lucro, mas está empenhada em reconquistar o status de empresa “descolada” do Vale do Silício.
Sob ataques de todos os lados – por investidores que reclamam da falta de lucratividade, reguladores da Califórnia que querem que ela assuma responsabilidades trabalhistas, ou ambientalistas que atacam as viagens individuais de automóvel – a Uber está tentando se reposicionar com uma empresa de solução para os problemas de mobilidade urbana.
“Queremos ser o sistema operacional do seu dia a dia – onde quer que você queira ir, a qualquer hora, e por qualquer meio de transporte”, o CEO Dara Khosrowshahi disse hoje durante um grande evento para a imprensa americana e internacional.
A ideia é ser uma espécie de one-stop shop para corridas, entregas, aluguel de bicicletas e patinetes e informações de transporte público. Uma mistura de Uber, Rappi, Yellow e Google Maps – num único app.
O Uber Eats, que funciona com um app separado, está sendo integrado ao app de corridas. E a empresa firmou ainda uma parceria com a israelense Moovit para fornecer informações de transporte público, incluindo valores e horários, para que o cliente decida a melhor forma de se locomover – mesmo que não seja de Uber.
São Paulo está na lista das primeiras cidades a ganhar a nova versão do app – o que deve acontecer nas próximas semanas.
Em Denver, a empresa integrou o pagamento do serviço de transporte público a seu sistema – e espera firmar parcerias similares em outras cidades.
“Essas parcerias são complexas, mas não é por isso que não vamos nos empenhar para que elas aconteçam”, diz Keith Hensley, diretor de parcerias com cidades do Uber Transit. Ao integrar as informações de transporte público, a Uber quer ser reconhecida como uma empresa que ajuda a reduzir o trânsito e a melhorar a vida nas cidades. “Queremos reduzir a propriedade privada de automóveis.”
A empresa também anunciou um programa de fidelização para usuários e motoristas, e uma assinatura mensal. A assinatura está disponível apenas nos EUA por enquanto. Por US$ 29,90, o assinante tem entregas de Uber Eats ilimitadas, desconto na conta dos pedidos de comida e bloqueio de tarifa em horários de tarifa dinâmica.
Em outra frente, a Uber também está ampliando a presença da Jump, empresa de bicicleta e patinetes elétricos de San Francisco, adquirida ano passado: o serviço acaba de ser lançado em Paris e no México. O Brasil está nos planos, mas ainda sem previsão de data.
Ainda não está claro se a Jump vai ser uma real diversificação do negócio ou apenas um produto de nicho em algumas cidades.
Respondendo a críticas de precarização da mão de obra, a empresa lançou uma ferramenta que permite aos motoristas estimar quanto vão ganhar considerando determinados horários e região. E está oferecendo benefícios por meio do programa de fidelidade, como descontos em postos de gasolina e bolsas de estudo.
Os motoristas também poderão optar por um cartão de débito ou carteiras eletrônicas e terão acesso aos valores das corridas em tempo real. O cartão de débito foi recentemente lançado no México e deve vir para o Brasil.
Um dia após uma denúncia do The Washington Post de que teria atuado para esconder informações sobre crimes praticados por motoristas (para evitar ser responsabilizada judicialmente), a empresa anunciou também uma série de funcionalidades para melhorar a segurança das viagens.
As melhorias incluem um código de verificação e uma integração com o serviço de emergência 911 nos EUA. Pelo app da Uber, o usuário pode mandar uma mensagem de texto para o 911, compartilhar sua localização e comunicar uma emergência.