Sob o ataque de políticos conservadores do Partido Republicano, a BlackRock saiu em defesa de sua estratégia de priorizar os investimentos ESG.
“Investidores e empresas que tenham uma posição com olhos no futuro, respeitando os riscos climáticos e suas implicações na transição energética, vão gerar melhores resultados financeiros no longo prazo,” a diretora de relações externas da BlackRock, Dalia Blass, disse numa carta publicada ontem. “Essas oportunidades transcendem o espectro político.”
No mês passado, os procuradores-gerais de 19 estados americanos governados por Republicanos, entre eles o Texas e o Arizona, escreveram uma carta condenando a BlackRock por priorizar uma “agenda climática” em detrimento de uma maior rentabilidade para os fundos de pensão do funcionalismo.
No texto, endereçado ao CEO Larry Fink, os procuradores acusam a empresa de evitar “os melhores retornos possíveis para o dinheiro duramente ganho pelos cidadãos dos nossos Estados.”
Em sua resposta, Blass disse que a BlackRock busca “os melhores retornos de longo prazo considerando os critérios de investimentos de cada cliente” e que os procuradores “fazem várias afirmações incorretas” a respeito das motivações de a empresa participar de iniciativas ESG.
“Diante de nosso compromisso com essas poupanças para a aposentadoria, estamos preocupados com a crescente tendência de iniciativas políticas que sacrificam os planos de pensão de investimentos de alta qualidade – e, dessa maneira, colocam em ameaça os resultados financeiros dos pensionistas,” escreveu Blass em sua resposta.
A BlackRock disse ainda que nunca impôs níveis de emissão de carbono a companhia nenhuma, ao contrário do que alegam os procuradores, e afirmou que toma decisões de investimento de maneira independente, sem fazer acordos com organizações externas.
A BlackRock é a maior gestora do mundo, com quase US$ 10 trilhões sob gestão. Uma boa parte desses recursos vem de fundos de pensão – e uma parcela crescente deles exige o respeito a padrões ESG.
A empresa, assim como outras gestoras de Wall Street, entrou na mira dos conservadores por supostamente promover o que eles chamam de woke investing – o investimento que leva em consideração causas sociais ligadas a movimentos identitários, questões ambientais e controle de armas.
O Texas, por exemplo, acusa a BlackRock e outros fundos de boicotar “empresas de energia” – isto é, de petróleo e gás.
O Estado, líder na indústria petrolífera americana, aprovou uma lei que obriga os fundos de pensão a retirar investimentos de fundos que “penalizam” a indústria dos combustíveis fósseis.