A SL Tools — a fintech que opera um marketplace de aluguel de ações — está lançando uma plataforma de negociação eletrônica de títulos de renda fixa, buscando se tornar uma alternativa à Cetip Trader, da B3.
O novo marketplace vai começar a operar esta semana com títulos públicos. Depois que a SL Tools conseguir a licença de balcão organizado — o que deve acontecer no início do ano que vem — a plataforma vai incluir também títulos de crédito privado como debêntures, CRAs e CRIs.
O fundador da SL Tools, André Duvivier, disse que esse mercado ainda é praticamente analógico, ao contrário dos mercados de ações e câmbio.
“A B3 até tem uma plataforma que funciona há uns 10 anos [a Cetip Trader], mas ela tem uma tecnologia muito defasada e vários problemas no pós-negociação, então pouca gente acaba usando,” André disse ao Brazil Journal.
Segundo ele, a plataforma da B3 tem um market share de apenas 6% das negociações. A maior parte dos trades acontece por telefone.
“Na prática, se um investidor tem um título de dívida e quer vender no secundário ele tem que ligar na corretora e pedir para vender. A corretora vai buscar um comprador e acaba comprando com um belo de um desconto, porque não tem liquidez.”
Segundo ele, a oportunidade neste segmento é gigantesca: o mercado de renda fixa emite todos os anos três vezes mais que o de ações, e os fundos brasileiros também estão muito mais alocados em crédito do que em equities (70% contra 12%).
Outro dado que ilustra a oportunidade: as ações negociam em torno de R$ 30 bi por dia na B3, enquanto os títulos de dívida privada (debêntures, CRAs e CRIs), apenas R$ 1,5 bilhão.
“Isso acontece porque não tem um ambiente eletrônico que permita isso,” disse André, um ex-trader da Merrill Lynch. “Com uma plataforma que funcione bem e tenha liquidez, acho que esse volume pode aumentar em 10 vezes.”
Apesar de competir com a Cetip Trader, a plataforma da SL Tools não deve roubar receita da B3.
Hoje, a Cetip Trader não cobra nenhuma tarifa pela negociação, ganhando apenas por atuar como depositária das transações.
A plataforma da SL Tools também vai usar a B3 como depositária, e a ideia é ganhar cobrando uma taxa na negociação, que será aplicada em algumas situações específicas.
“Quem trouxer fluxo e liquidez para a plataforma, seja com uma oferta de compra ou de venda, não vai pagar nada. Já quem tirar liquidez, comprando a oferta de venda ou vendendo para a oferta de compra, vai pagar,” disse ele.
A plataforma de renda fixa é o segundo produto da SL Tools, que já opera um marketplace de aluguel de ações.
A empresa ainda pretende lançar uma plataforma para a negociação de grandes lotes de ações – “algo semelhante a um dark pool, mas multibroker,” disse André.