A Siemens Energy perdeu mais de um terço de seu valor de mercado nesta sexta-feira depois de revelar que “vai levar anos” para solucionar defeitos em suas turbinas eólicas. 

A empresa, um spinoff do grupo Siemens, perdeu quase € 8 bilhões de valor, com a ação fechando em queda de 37%.

As turbinas são produzidas pela Siemens Gamesa, uma divisão da Siemens Energy. A companhia é uma das maiores fornecedoras mundiais de turbinas para geração de energia eólica.

As falhas e defeitos nas hélices e rotores atingem entre 15% e 30% do total de equipamentos instalados, que somam uma capacidade de 132 gigawatts, de acordo com a empresa.

O custo para corrigir os problemas poderá superar € 1 bilhão. Não há ainda números fechados, porque a Siemens Energy avalia a dimensão dos problemas, entre eles rachaduras e deterioração prematura de componentes, e estuda como corrigi-los. 

No Brasil, os problemas da Siemens Gamesa podem ter repercussões para a Aeris.

A a fabricante de pás eólicas, que fez seu IPO em 2020, assinou há dois um contrato de fornecimento para a Siemens Gamesa que iria até 2024 e que responde por 15% do volume de produção e do backlog da companhia.

“Embora a Aeris tenha uma proteção contratual ‘take-or-pay’, esperamos que o mercado leve em consideração a situação incerta da Siemens, que pode enfraquecer os volumes futuros da companhia,” escreveu Lucas Marquiori, o analista do BTG que cobre a empresa.

Não é a primeira vez que a Siemens Gamesa tem problemas na produção. Em janeiro, a companhia já havia revelado a descoberta de defeitos, mas agora estima que o prazo e o custo para saná-los serão bem maiores do que o esperado.

A Siemens Energy é listada em Frankfurt desde 2020, mas a Siemens também será impactada porque ainda mantém uma participação de 31,9% na empresa. O grupo alemão poderá fazer um writedown de € 1,1 bilhão em seu balanço, segundo a Reuters

As ações de outros fabricantes europeus de turbinas também tiveram desvalorização na sexta-feira, com os investidores temendo que os problemas podem não fiquem restritos à Siemens.